A Freshfel Europe fez uma avaliação do impacto das implicações da pandemia do Covid-19 para o sector de frutas e legumes frescos na Europa, incluindo recomendações para os decisores políticos. É feita uma análise exaustiva sobre os efeitos que a pandemia teve no sector nos últimos meses e que implicações pode ter a curto, médio e longo prazo, para o fornecimento de produtos frescos aos consumidores.
No que se refere ao efeito directo que as medidas de emergência tiveram na produção e logística do sector no curto prazo foram identificadas cinco áreas:
• Mobilidade da força de trabalho: uma das razões chave para o abrandamento na produção tem sido os impedimentos à mobilidade dos trabalhadores nos países com medidas de confinamento muito restritivas. Muitos trabalhadores têm chegado tarde aos locais de produção, por serem parados para ser averiguada a sua elegibilidade para se poderem deslocar para o trabalho. Em geral as condições no transporte também foram fortemente afectadas pela limitação de lugares disponíveis: nos autocarros que iam para os pomares apenas podiam circular com 30% de ocupação e nos carros tal estava reduzido a duas pessoas, o que atrasou fortemente o fluxo dos trabalhadores.
• Tempos de trabalho: devido às regras de distanciamento social e ao risco de potenciais infecções, muitos locais de produção distribuíram os trabalhadores por turnos, para evitar contágios, o que teve impacto nas horas de trabalho dos trabalhadores.
• Medidas de distanciamento social nos locais de produção: em termos práticos isto significou que apenas 50% da força de trabalho podia operar nas instalações e/ou utilizar os equipamentos.
• Acomodação dos trabalhadores: as medidas de emergência forçaram à reorganização da acomodação para os trabalhadores das colheitas obrigando a condições com maior segurança, o que também impactou os custos gerais das actividades de produção.
• Disponibilidade de materiais de embalamento, PPPs, fertilizantes, sementes e plantas: algumas operações não podiam ser continuadas, pois alguns produtos essenciais podiam não estar pontualmente disponíveis devido à disrupção das cadeias de abastecimento, mesmo quando em muitos casos as estruturas de produção tinham stocks suficientes. Isto implicou, por exemplo, a disponibilidade de materiais de embalamento em países onde a procura de produtos embalados cresceu, mas também a falta de materiais de protecção ao nível das unidades de transformação, que não foram declaradas como “bens essenciais” em todos os estados membros.
Se as medidas de emergência e de distanciamento social continuarem, o sector espera ter desafios de longo prazo nomeadamente:
• Garantir as colheitas do próximo ano: uma vez que as diferentes medidas de emergência têm impacto no ritmo da produção.
• Virarem-se para uma produção mais mecanizada: em detrimento de produtos que necessitam de mais mão de obra. Se os constrangimentos logísticos continuarem, a produção pode focar-se mais em produtos mecanizados que são mais fáceis de produzir.
• Risco de efeito dominó: à medida que a crise económica que resulta da pandemia do Covid-19 está a impactar as empresas produtoras de produtos frescos, há um risco elevado de um efeito dominó para a cadeia de abastecimento.