No contexto da pandemia global decorrente da COVID-19, em particular dos impactos económicos que já se fazem sentir e que vão piorar, a AED Cluster Portugal elaborou um documento síntese com medidas de mitigação para os sectores da Aeronáutica, Espaço e Defesa.
O documento, intitulado Posição do Cluster da Aeronáutica, Espaço e Defesa no Contexto do COVID-19, foi já entregue aos membros do Governo com as tutelas da Economia, Defesa, Administração Interna, Educação, Ciência e Tecnologia e Infraestruturas, bem como a vários departamentos públicos, como o IAPMEI, AICEP, a IDD ou a ANI.
«A nível europeu, a indústria da Aeronáutica, Espaço e Defesa (AED) constitui uma das principais indústrias de alta tecnologia no mercado global, apoiando mais de 865.000 postos de trabalho directos altamente qualificados. Neste sentido, tem um papel fulcral na economia global, catalisando o desenvolvimento tecnológico e a inovação em todo o tecido social e económico», explica José Neves, Presidente do Conselho de Administração da AED Cluster Portugal.
Em Portugal os três sectores representam já um volume de faturação agregado superior a 1,7 mil milhões de euros, com valores de exportação de cerca de 90%, suportando mais de 18.500 recursos humanos.
«O surto de COVID-19 afectou todos os sectores da AED, tendo sido a indústria aeronáutica civil a mais atingida, originando cortes nas encomendas, problemas de abastecimento, paragens na produção e problemas de tesouraria. Relativamente às indústrias da Defesa e Espaço, estas são maioritariamente direccionadas para o sector público pelo que ainda não enfrentam os mesmos impactos da indústria Aeronáutica, no entanto, o impacto indirecto não tardará a fazer-se sentir. Por estas razões, a AEDCP decidiu agir e avaliar o que pode ser feito para diminuir as implicações desta nova crise», defende o responsável.
Neste sentido, a AED defende uma estratégia Nacional consolidada de mitigação ao impacto económico desta crise e reforço dos três sectores em questão, dando origem a um conjunto de medidas que o Cluster AED considera relevantes.
De forma transversal, pede a definição de medidas de apoio ao trabalho a tempo parcial no sector e a promoção de medidas para os projectos de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (I&D&T), incluindo as vertentes da Inovação Produtiva e Organizacional, focadas no contexto actual e pós-COVID19, a nível nacional para capacitar os sectores aos novos desafios, e alavancar as novas oportunidades.
Especificamente sobre o sector da Aeronáutica a AED Cluster Portugal deixou algumas solicitações (passamos a citar):
Criação de um plano de acção, detalhado e integrado no trabalho de Diplomacia Económica do Governo, entre o Cluster, Ministérios e Agências nacionais que dê resposta às oportunidades geradas pelas alterações às cadeias de fornecimento internacionais: 1) Realocação das operações e fornecimentos da Ásia, Norte de África e América de volta à Europa, reforçando-se redundâncias em pontos críticos dessas cadeias, minimizando os riscos de fornecimento expostos pela crise e mitigar a futura quebra económica Europeia; 2) Necessidade de restruturar os modelos de custo e volume de produção em função da nova realidade da aviação civil;
Participação de Portugal no futuro CleanSky3 (Clean Aviation), através de um maior envolvimento de stakeholders nacionais na estrutura de alto nível, dinamizando financiamentos nacionais para o efeito.