A ANCEVE – Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas emitiu um comunicado ontem, dia 20 de julho, onde dá conta que o aumento continuado dos preços das matérias primas, dos materiais de engarrafamento, dos transportes e dos custos em geral, está a levar inúmeros pequenos e médios produtores de vinho à beira da falência.
Em comunicado, a associação lembra o aumento do preço do gasóleo agrícola de €0,83 para quase €1,80 o litro, referindo que «não faz sentido que o Estado cobre tantos impostos nesta área». Também os adubos e outros materiais agrícolas essenciais subiram para mais do dobro. «A eletricidade subiu exponencialmente. As caixas de cartão subiram 125%, de €400,00 para mais de €900,00 o milheiro. As garrafas subiram já quatro vezes este ano, de €0,18 em 2021 para €0,27 em 2022, 50% de aumento para uma garrafa tipo. Os rótulos subiram também 50%. As rolhas 20%. As cápsulas 30%. Todos os fornecedores debitam agora aos produtores o transporte dos materiais, que antes estava incluído nos preços. E passaram a exigir aos pequenos e médios produtores o pagamento contra entrega, não concedendo prazos, como antes acontecia»
Segundo a associação o custo dos transportes disparou. Como exemplo deu o custo de envio de uma palete de vinho de Lisboa para o Algarve que era de €35,00 e agora está nos €65,00. «Acresce que são debitadas ao produtor taxas-extra de combustível, que antes não existiam.»
A ANCEVE alerta ainda para os «enormes problemas no abastecimento dos materiais de engarrafamento, sobretudo do vidro e do cartão».
Ao aumento dos preços acresce a escassez da mão-de-obra, numa altura em que se inicia mais uma vindima, «e a legislação continua a estar desadaptada à realidade, sem qualquer flexibilidade. Como exemplo, se um trabalhador com salário mínimo aceitar por hipótese trabalhar aos sábados, para tentar aumentar a sua remuneração, acaba por receber menos dinheiro no final do mês, pois a subida automática de escalão prejudica-o de forma drástica», explica a associação.
Os produtores conseguiram subir os seus preços de venda em cerca de 10%, «pelo que a esmagadora maioria irá apresentar enormes prejuízos no final do ano, se lá conseguirem chegar». Nesse sentido, para a ANCEVE é «urgente e imperioso que o Governo aceite agilizar um plano extraordinário de apoio à fileira do vinho, um sector que leva longe o nome de Portugal, mas está a ficar estrangulado pelo aumento brutal dos custos.»