Atrasos na navegação são ameaça para a última milha

Dados do tracking de navios obtidos do Project44, mostram que começa a haver atrasos significativos ano após ano nos tempo de navegação na maioria das rotas marítimas que ligam a China à economia global.

O aumento dos tempos de entrega estão a colocar mais pressão nas redes de transporte e nas disrupções que afectam as supply chains. Para muitas empresas o prepetuar dos estrangulamentos e o aumento dos custos de transporte está a impactar a sua capacidade para corresponder às expectativas dos clientes e a obriga-los a passar o aumento de custos para o consumidor final, criando uma pressão inflacionista global.

Embora nas rotas entre a China e a costa Oeste dos EUA os tempos tenham melhorado significativamente ao longo dos últimos meses, os dados recolhidos pelo Projecto44 mostram que em muitas outras rotas críticas, atrasos de vários dias continuam mater-se altos e em alguns casos estão a aumentar devido a surtos de novas variantes de Covid-19 no SudOeste da China. Isto significa que a cadeias de abastecimento globais continuam frágeis e não estão a conseguir recuperar rapidamente aos níveis pré pandemia.

 

Atrasos na navegação por rota

 

Há atrasos substanciais nos navios que operam rotas entre a China e os portos da costa Este dos EUA. Entre Julho de 2020 e Julho de 2021 os atrasos aumentaram de 0.6 dias para 2-44 dias. Outro exemplo, é o dos atrasos dos navios que fazem a rota entre Tianjin e Nova Iorque, cuja a média de atraso aumentou de 0.96 para 7.29, no mesmo período (Julho2020 / julho 2021).

Os atrasos noutros portos dos EUA estavam estáveis desde o último trimestre de 2019 até Agosto de 2020 quando começaram a subir até atingirem um máximo em Fevereiro de 2021. A situação tem melhorado de forma moderada com os atrasos a começarem a diminuir a partir de Junho de 2021.

Nas rotas entre a China e a União Europeia, os atrasos aumentaram de uma média de 0.51 dias em Julho de 2020 para 2.18 dias em Julho de 2021.

A partir de Junho de 2021, as linhas de Shangai – Hamburgo e Shenzhen -Hamburgo eram representativas de outros portos modernos que movimentam muita carga da China para a União Europeia. Estes portos tinham atrasos médios superiores a uma semana, respectivamente 8.44 dias e 7.86 dias. Os navios da rota Tianjin para Antuérpia operavam com um atraso médio de 11.42 dias.

Os atrasos no comércio com a UE começaram a aumentar a partir de Dezembro de 2019 quando os primeiros impactos do Covid-19 se começaram a sentir da China. Estes atingiram o seu pico em Março de 2020, mas cairam em Maio de 2020, possivelmente devido ao facto da China ter começado a controlar a pandemia. Voltaram no entanto a começar a aumentar em Julho de 2020, atingindo o seu ponto máximo em Fevereiro de 2021, quando no resto do mundo começou a ficar seriamente afectado pela Covid-19. Os atrasos começaram a baixar a partir de Julho de 2021, mas mantinham-se a níveis mais altos do que durante o pico de 2020.

No resto do mundo (se considerado como um grupo), o aumento dos atrasos cresceram de 1.08 dias para 2.78 dias entre Julho de 2020 e 2021. Embora os atrasos não sejam tão significativos como os que se verificaram nos EUA e na UE, isto mostra que a maioria das rotas marítimas foram afectadas.

Aliás o processo é paralelo com o que aconteceu nos outros dois casos, os atrasos começaram a aumentar a partir de Dezembro de 2019, com os primeiros impactos da Covid na China. Atingiu o seu pico em Fevereiro de 2020, voltando a cair em Maio de 2020. Os atrasos voltaram a aumentar a partir de Junho de 2020, quando esses países começaram a ser afectados pela pandemia, com os números a tingirem o seu máximo em Julho de 2021. Estão neste momento no seu nível mais elevado desde Agosto de 2019.

“O facto de os navios continuarem atrasados e os novos surtos de novas variantes do vírus em grandes cidades industriais Chinesas, mostram que pode haver consequências a jusante, que podem vir a afectar o black friday e o período de compras do Natal e fim de ano,” afirmou Josh Brazil vice presidente de marketing do Project44. ” Estamos a ver muitas variações nos atrasos de mês para mês e nas rotas da costa Oeste versus costa Este dos EUA, o que coloca desafios importantes na gestão da supply chain por parte das empresas de navegação.”

“Uma das poucas certezas para 2021 é que os atrasos se vão manter e o facto das condições poderem mudar praticamente da noite para o dia,” acrescentou Josh Brazil. “Os últimos números e os surtos das novas variantes de Covid, são o aviso às empresas de navegação que estas não vão conseguir mitigar as perdas associadas aos atrasos e estrangulamentos na cadeia de abastecimento a não ser que tenham visibilidade total em tempo real dos atrasos dos navios, portos e linhas de navegação.”

 

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