A Amazon poderá ter de vir a vender a sua área de serviços logísticos, referimo-nos à rede de centros de distribuição que tem nos EUA e que lhe permitem fazer entregas rápidas das encomendas online, isto caso a legislação antitrust que irá ser apresentada pela congressista democrata Pramila Jayapal vier a ser adoptada.
A representante Pramila Jayapal, do Estado de Washington, onde se situa a sede da Amazon, conseguiu o apoio tanto de democratas como de republicanos na Câmara de Representantes. O objectivo da legislação é impedir a Amazon de atrair empresas que vendem os seus produtos no market place da Amazon a adquirirem também os seus serviços logísticos em troca de tratamento preferencial no seu site. Quase 85% dos maiores vendedores na Amazon usam o serviço “Fulfillement by Amazon”, pagando à Amazon pela armazenagem, embalamento e expedição de acordo com um relatório de Outubro do ano passado elaborado por funcionários da secção antitrust do Comité Judicial, avançou Bloomberg.
A proposta desta congressista, apresentada no passado dia 11 de Junho, vai ser avaliada hoje, dia 23 de Junho, pelo Comité Judicial, juntamente com outras cinco propostas bipartidárias que se inserem num esforço para introduzir reformas antitrust. Espera-se que estes projectos venham a conseguir os votos suficientes ainda esta semana para poderem ser votados no plenário da Câmara dos Representantes. Até este momento não há propostas similares apresentadas no Senado, pelo que não é possível prever qual o apoio a esta legislação o que torna o seu futuro incerto.
Estas propostas legislativas fazem parte de um impulso em Washington D.C. para acabar com aquilo a que os críticos descrevem como as práticas anti concorrências das empresas tecnológicas. O Departamento de Justiça e vários Estados processaram a Google, ao mesmo tempo que a Federal Trade Commission (FTC) está a processar o Facebook e a investigar a Amazon. O Presidente Biden, nomeou Lina Khan, que se tornou conhecida por criticar as práticas negociais da Amazon para presidir à FTC.
De acordo com uma estimativa divulgada num relatório feito pelo Bank of America, no ano passado, os negócios logísticos da Amazon em 2025 podem valer 230 mil milhões de dólares, mais do que a Coca-Cola.
Amazon fala em efeitos negativos em centenas de milhares de pequenos e médios negócios
Segundo declarações de Brian Huseman, vice presidente de public policy da Amazon, “ainda estamos a analisar a proposta de lei, mas pelo que vimos até agora acreditamos que a legislação vai ter efeitos negativos em centenas de milhares de pequenos e médios negócios que realizam as vendas através da nossa plataforma e dezenas de milhões de consumidores que compram produtos à Amazon.” Afirmou ainda que sem acesso aos clientes da Amazon os vendedores teriam mais dificuldade em chamar à atenção para os seus produtos, o que por seu turno reduziria a selecção o que faria subir os preços aos consumidores. Brian Huseman pediu ainda “aos legisladores para reverem de forma cuidadosa o texto da proposta de lei para evitarem consequências negativas.”
Mais de metade dos produtos vendidos na Amazon são vendidos por empresas que pagam à Amazon uma comissão por cada venda. Segundo o relatório já referido, as lojas independentes que utilizam a plataforma da Amazon, podem tratar elas próprias do embalamento e expedição, mas muitos dizem que utilizam os serviços da Amazon, pagando mais à Amazon, porque tal garante que os seus produtos ficam mais bem colocados no site e tal permite aumentar as vendas. As receitas da Amazon com origem nos serviços prestados a terceiros que inclui comissões e logística, excedeu 80 mil milhões de dólares em 2020.
Muitas lojas independentes que utilizam a plataforma da Amazon, afirmaram em entrevistas que se tratassem da expedição directamente tal seria mais barato que usar os serviços da Amazon. Mas a maioria diz que opta por utilizar “Fulfillment by Amazon” para evitarem ser penalizados por entregas tardias e outras questões de desempenho e também porque usando os serviços da Amazon conseguem melhor visibilidade no site. Os vendedores independentes afirmam que a Amazon aumentou 20% os preços, nos últimos quatro anos, sendo estes neste momento 35% mais caros que serviços idênticos concorrentes da Amazon. A Amazon nega estas afirmações.
