O sector do procurement enfrenta um duplo desafio em 2020 – reduzir os custos operacionais externos e internos e, ao mesmo tempo, tornar-se num agregador de valor e num melhor consultor estratégico para a empresa, isto de acordo com o novo estudo sobre procurement da The Hackett Group.
Segundo este estudo, modernizar as plataformas de aplicações de procurement e impulsionar a adopção de melhores ferramentas analíticas para melhorar a sua influência sobre os gastos, de forma a aumentar o valor são os principais focos do procurement para 2020.
Melhorar a eficiência dos custos nas operações de procurement passou para o topo da agenda do procurement em 2020. A redução de custos, desceu do primeiro para o segundo lugar, seguida pela necessidade de se tornar num consultor de confiança para a organização.
«As empresas estão simplesmente a exigir que o procurement agregue valor de novas maneiras. A incerteza económica está a levar as empresas a serem mais ágeis, e o procurement vai ter de fazer o mesmo, transformando-se numa função com um melhor rácio custo – benefício», disse Laura Gibbons, directora de estudos do Hackett Group.
«Também vemos a transformação digital, incluindo a modernização de aplicações tecnológicas e de ferramentas analíticas, como uma via para fazer chegar ao topo das prioridades do procurement a eficiência ao nível dos custos e a criação de valor», disse Gibbons. «As organizações de procurement fizeram investimentos significativos nestas áreas, nos últimos anos, e muitas estão a meio da sua transformação. Os líderes das empresas estão agora a tentar obter um ROI maior.»
A pesquisa identificou cinco áreas em que o procurement têm lacunas e que precisam de ser resolvidas em 2020. Estas são: melhorar a agilidade do procurement; tornar-se num consultor confiável para os negócios da organização; alinhar a capacidade e o talento às necessidades da organização; modernizar as plataformas de aplicações; e melhorar as capacidades analíticas e de reporting.
«É fundamental que o procurement se concentre nestes objectivos» referiu Gibbons. «A tecnologia e a analítica são essenciais para o sucesso no mundo dos negócios de hoje. Alinhar a capacidade e o talento é essencial para permitir que o procurement consiga apoiar os objectivos da empresa. Foi feito um grande esforço por parte do procurement para se conseguir tornar num consultor de confiança para a organização, e isso é essencial para conseguir influenciar melhor os gastos e apoiar a inovação na organização.»
O estudo mostrou que ainda há muito espaço para melhorar as tecnologias de procurement face às expectativas da organização. Muitas tecnologias recentes ficaram aquém das expectativas, em parte, devido à falta de um plano abrangente de transformação digital, à má gestão da mudança e a deficiências de competência e talento. Apenas uma das cinco principais tecnologias de automação de procurement atingiu ou superou as expectativas das organizações em mais de 60%. Isso mostra que o procurement deve concentrar-se não apenas na introdução de tecnologias, mas também nos fluxos de valor para gerar resultados dentro da empresa.
As aplicações informáticas antigas (Legacy) estão a ser rapidamente eclipsadas pelos sistemas baseados na nuvem de próxima geração, que devem crescer quase 25% em 2020, segundo o estudo. A automação robótica de processos (RPA – robotic process automation) também «deve ter um forte crescimento». Embora mais de 64% das organizações de procurement já tenham realizado pilotos de RPA, apenas 9% fizeram implantações de grande dimensão. Mas o estudo também mostrou que 50% de todas as implementações de RPA ficaram aquém do esperado em termos da sua capacidade em atingir os objectivos pretendidos por parte das organizações.
Actualmente, a analítica e a gestão de informação são um foco principal do procurement, com mais de 50% das organizações a trabalhar para melhorar a qualidade dos dados e dominar a gestão dos mesmos, segundo o estudo do Hackett Group.
A resistência organizacional à mudança é o principal obstáculo à transformação no procurement, segundo o estudo, seguida de perto pela falta de competências críticas das equipas de procurement.
Segundo Chris Sawchuk, Hackett Group Principal & Global Procurement Advisory Practice Leader: «Historicamente, os principais desafios do procurement têm sido a insuficiência de financiamento e recursos, bem como a falta de apoio dos gestores das empresas nos processos de transformação. Mas essas não são as questões críticas actuais. De facto, muitos dos obstáculos que estamos a ver hoje são áreas em que o procurement pode introduzir mudanças e melhorias, falamos de deficiências críticas de competências em analítica, tecnologia e pensamento estratégico, além de questões gerais relacionadas com dados».
No futuro, o procurement deve manter-se focado na lacuna de competências que enfrenta e libertar os recursos necessários para se concentrar em funções de maior valor acrescentado, segundo o estudo. Impulsionar o custo e a agilidade em toda a organização são as principais prioridades para 2020. O procurement vai ter a oportunidade mostrar as suas capacidades, aconselhando e apoiando estrategicamente a organização, ajudando-a a atingir a eficiência de custos que esta espera. Isso exigirá que o procurement se concentre no desenvolvimento dos recursos analíticos correctos, na tecnologia certa para melhorar a eficiência e no alinhamento de competências e talentos com a organização, conforme necessário.