Juiz permite que a administração Trump reconsidere aprovação de parque eólico offshore

Uma Juiz federal decidiu que a administração Trump pode reconsiderar a licença federal para o
SouthCoast Wind, um grande projeto eólico offshore planeado para a costa de Nantucket,
Massachusetts, causando um revés a um dos maiores empreendimentos de energia renovável
da Nova Inglaterra.

A decisão, emitida na terça-feira (4 de novembro) pela juíza Tanya S. Chutkan do Tribunal
Distrital dos Estados Unidos no Distrito de Columbia, concede ao Departamento de Gestão de
Energia Oceânica (BOEM) do Departamento do Interior a permissão para rever e
potencialmente revogar o plano de construção e operações do projeto, que havia sido
aprovado em janeiro de 2025 — poucos dias antes do presidente Donald Trump iniciar o seu
segundo mandato.

Na sua decisão, a juíza Tanya Chutkan declarou que os promotores não «sofreriam
dificuldades imediatas e significativas» se a administração decidisse rever a licença, abrindo
efetivamente caminho para que o governo federal reabrisse a sua revisão.

 

Um revés para os promotores
A decisão é um grande revés para a SouthCoast Wind Energy LLC, uma joint venture entre a
EDP Renewables, subsidiária de energia renovável do Grupo EDP de Portugal, e a ENGIE da
França. O projeto, avaliado em milhares de milhões, visa instalar 141 turbinas eólicas a cerca
de 23 milhas a sul de Nantucket, gerando até 2400 megawatts de eletricidade — o suficiente
para abastecer mais de 840 000 residências em Massachusetts e Rhode Island.

De acordo com a empresa, já foram investidos mais de 600 milhões de dólares no
desenvolvimento e licenciamento. O projeto ainda se encontra em fase de planeamento e
ainda não começou a ser construído.

 

Implicações políticas
A decisão representa uma vitória jurídica para a administração Trump, que fez da oposição à
energia eólica offshore uma parte fundamental da sua política energética. Em setembro de
2025, a administração anunciou que estava a considerar revogar as licenças emitidas pelo
presidente Biden, alegando preocupações económicas e ambientais.

O presidente Trump criticou repetidamente os projetos eólicos offshore, descrevendo-os como
«feios», «caros» e «ineficientes». Pouco depois de regressar ao cargo, assinou um decreto que
suspende novos arrendamentos federais para parques eólicos em terras públicas e em águas
dos EUA.
Grupos ambientalistas alertam que a medida pode prejudicar a transição para a energia limpa
nos Estados Unidos, enquanto grupos industriais temem que ela possa “desanimar” o
investimento privado.

 

Tensões mais amplas sobre a energia eólica offshore
O projeto SouthCoast Wind também enfrentou resistência local. A cidade de Nantucket entrou
com uma ação judicial contra a BOEM no início deste ano, alegando que a agência não cumpriu
as leis ambientais e de preservação histórica ao aprovar a licença.

A decisão aumenta a incerteza crescente para o setor eólico offshore dos EUA, que tem sido
afetado por altos custos de construção, desafios na cadeia de abastecimento e resistência
política. Vários outros projetos de grande escala — incluindo o Vineyard Wind, ao largo de
Massachusetts, e o Ocean Wind 1, ao largo de Nova Jérsia — também estão sob revisão
federal ou foram adiados.

Sob a presidência de Biden, os EUA estabeleceram uma meta que visava a construção de 30
gigawatts de capacidade eólica offshore até 2030, o suficiente para abastecer cerca de 10
milhões de residências. Essa meta parece agora cada vez mais em risco, à medida que a
administração Trump se move para priorizar a produção de combustíveis fósseis e reverter os
incentivos às energias renováveis.

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