De acordo com a mais recente análise da Savills “Taking Stock: Capital Markets Quarterly Logistics Q2 2024”, no primeiro semestre de 2024 foram efetuados, a nível global, 78 mil milhões de dólares em negócios do setor Industrial & Logístico, representando um crescimento de mais de 9% em relação à média de 2015-19.
Embora tenha caído 16% no primeiro semestre de 2023, a Savills constatou que o mercado está a registar um desempenho superior ao pré-Covid-19, com 41,5 mil milhões de dólares angariados globalmente no primeiro semestre de 2024 por fundos especificamente direcionados para os ativos industriais e logísticos, representando um aumento de 30% na média pré-Covid-19.
De acordo com a Savills, a média dos negócios industriais individuais no segundo trimestre aumentou cerca de 11% em comparação com os dados do primeiro trimestre, sugerindo que os investidores em escala estão a regressar. Esta situação é apoiada por uma recuperação da atividade de compra por parte dos investidores internacionais que já apoiaram alguns dos maiores negócios deste ano, incluindo a compra acordada pela Brookfield de um portfólio de logística nos EUA de 13,5 milhões de metros quadrados da DRA Advisors por 1,3 mil milhões de dólares. O terceiro negócio imobiliário registado nos EUA a ultrapassar a marca do bilião de dólares até ao momento este ano (em todos os setores).
Pedro Figueiras, Head of I&L da Savills, aponta: “O mercado de investimento em Industrial & Logística em Portugal tem atraído novos investidores e players globais, responsáveis por algumas das mais notáveis transações e pelo desenvolvimento de novos projetos logísticos. Assim, decorrente das mudanças nos mercados de capitais, podemos antever que nos próximos tempos voltaremos a assistir a uma nova onda de investimento no segmento no nosso mercado. Este facto já é possível de evidenciar nas atuais movimentações de mercado onde decorrem potenciais transações que ascendem aos 400 milhões de euros, quer em operações de capital markets ou de development. A atratividade do nosso mercado advém não só da robustez da atividade ocupacional como também da menor volatilidade e maior prémio de risco comparado com as congéneres capitais europeias. Desta forma, o nosso mercado tende a oferecer um melhor risk-return, enquanto se antevê uma queda da vacancy rate até ao final do ano para valores inferiores a 3%, reforçando assim os fundamentais de Portugal como destino de investimento.”
Oliver Salmon, Global Capital Markets, Savills World Research, comenta: “Assumindo que o primeiro trimestre de 2024 representou o ponto mais baixo neste ciclo, esperamos que o mercado recupere positivamente no futuro, uma tendência suportada pela mudança nas alocações dos investidores, favorecendo os dados industriais e de angariação de fundos. As prime yields parecem ter estabilizado na Europa e na América do Norte, com alguns mercados a registarem já alguma compressão das mesmas.”
Já Rasheed Hassan, Head of Global Cross Border investment da Savills, acrescenta: “Continua a existir uma escassez de compromisso por parte dos fornecedores industriais, uma vez que a maioria pretende esperar até que existam mais dados para fornecer preços comparáveis fortes. Dada a atividade de angariação de fundos monitorizada até agora, esperamos que a movimentada época de negociações de final de ano dê aos mercados o que é necessário como pano de fundo para que este dinheiro seja aplicado em 2025.”
Alguns dos principais highlights indicados pela Savills:
• O investimento no segundo trimestre de 9,5 mil milhões de dólares em toda a região EMEA caiu quase 14% face ao ano passado, consequência de uma atividade mais fraca ao nível dos portfolios, que pode ser volátil. O valor das vendas de imóveis individuais, pelo contrário, aumentou cerca de 12% em termos homólogos, o primeiro aumento anual em dois anos. O tamanho médio dos negócios também aumentou cerca de um terço até agora em 2024, sugerindo que os investidores estão cada vez mais confortáveis em implementar-se em grande escala na região.
• O investimento nos EUA caiu 14% em termos homólogos no segundo trimestre, para 19,9 mil milhões de dólares. O abrandamento da atividade foi sustentado principalmente pela falta de conclusão de negócios de portfolio, com os investidores institucionais nacionais a alienarem 2,3 mil milhões de dólares líquidos em ativos no primeiro semestre de 2024, depois de terem sido compradores nos últimos seis anos.
• O investimento total do segundo trimestre de 8 mil milhões de dólares em toda a região APAC (Ásia-Pacífico) caiu 34%. No entanto, tal como nas outras regiões, um grande declínio nas transações de portfolio sustentou um volume de negócios mais fraco. A comparação semestral é mais forte: queda de apenas 11% no primeiro semestre de 2023, sustentada por um arranque sólido de 2024. A Austrália e a Coreia do Sul são os principais mercados regionais com melhor desempenho, enquanto Singapura está globalmente estável.