Regionalização: pequenos caminhos, grandes resultados

O aumento exponencial do comércio digital, e a cada vez mais significativa presença de serviços de entrega ao consumidor a que se tem vindo a assistir nos últimos anos, tem vindo a traduzir-se em desafios para inúmeras empresas no setor da logística e distribuição. Quando analisadas as principais tendências que se irão verificar no setor da logística e distribuição nos próximos tempos, encontramos, com uma certa frequência, o termo “regionalização”, e é relativamente fácil compreender quais as razões que têm levado esta prática a ganhar particular destaque. A necessidade de otimizar as rotas de distribuição através do foco em áreas ou regiões mais limitadas surge face ao crescimento na procura por soluções de ecommerce. Fundamentalmente, o estabelecimento de percursos mais concentrados e distribuídos por áreas mais restritas acaba por ter efeitos bastante positivos nos negócios e na perceção destes por parte da base de clientes. Em primeiro lugar, com rotas mais curtas e bem definidas, é possível aumentar a celeridade e eficiência das entregas, reduzindo não só o tempo de deslocação, como também a probabilidade de existirem erros durante o processo. Um bom serviço ao cliente gera, inevitavelmente, maior satisfação e fidelização, fatores que deverão constar sempre no topo dos nossos objetivos e prioridades de qualquer marca. Perante o atual panorama de emergência climática, é fundamental pensarmos em estratégias para tornar este – e qualquer outro – setor mais sustentável sem, em qualquer momento, colocar em causa a qualidade dos serviços prestados. Ora, a reestruturação das rotas de distribuição de acordo com esta tendência representa uma das práticas com impacto ambiental mais considerável, uma vez que, quanto mais restritas geograficamente forem as rotas, menor será a quantidade de gases poluentes produzidos e emitidos pelos veículos de distribuição. Para lá disso, o grande aumento no volume de encomendas que tem sido verificado por grandes companhias e operadoras de transporte globais contribui, ainda, para um desequilíbrio cada vez mais notório da concorrência com o comércio local, importante que este é para a sustentabilidade económica de um país. Num esforço para tentar controlar, ou pelo menos equilibrar, esta desigualdade, são já várias as autarquias e municípios que têm vindo a adotar medidas para encontrar uma melhor coexistência entre todas as partes. A título de exemplo, neste momento na vizinha Espanha, mais concretamente em Barcelona, está a ser testada uma nova regulamentação – a taxa Amazon – que visa, exatamente, contrariar esta problemática. Esta taxa abrange apenas empresas com receitas brutas superiores a um milhão de euros obtidas com entregas nos destinos finais indicados pelos consumidores, excluindo, assim, quaisquer distribuições feitas para lojas da cidade. É importante ter sempre em mente que a exigência dos consumidores com a ética e compromisso das empresas se tem tornado um fator preponderante na tomada de decisão e opção pelas marcas e, com a oferta de soluções conscientes e sustentáveis cada vez maior, torna-se fundamental trabalhar consistentemente com vista a oferecer a melhor qualidade e a maior eficiência possível, procurando corresponder às exigências e necessidades do que nos rodeia.

 

Mariana Jota, Diretora de Estratégia da Vonzu

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