No último trimestre de 2019, a WBR Insights fez um estudo em que inquiriu 200 CPOs, metade dos quais ocupavam posições em empresas de produtos de grande consumo (CPG – Consumer Packaged Goods) e os restantes do Turismo, Retalho, Aeroespacial e Defesa, Telecomunicações, Tecnologia e electrónica, Automotive e Química.
O estudo teve como objectivo perceber qual a posição dos profissionais do procurement em relação à digitalização. E embora os profissionais inquiridos considerem que se trata de um processo em que é necessário dar atenção a muitos aspectos diferentes o que faz o processo parecer «complicado e caro», no procurement estamos a aproximarmo-nos do ponto em que o custo de ficar à espera para decidir começa, no longo prazo, a ultrapassar o custo de agir.
Relativamente ao tema de perceber qual a posição da gestão de topo (C-Suite) em relação à digitalização do procurement nas suas empresas, 46% dos inquiridos disseram que a gestão de topo considerava a digitalização do procurement como critica e que acrescentava muito valor, ao passo que 20% ainda consideram que a digitalização é uma preocupação periférica e de baixo valor para a sua estratégia.
No topo das suas preocupações está a procura pela eficiência do procurement (29%), a performance dos fornecedores vem em segundo lugar com 27%, seguido da gestão do risco na supply chain com 22% e a redução de custos ocupa a quarta posição com 13%.
A recolha de dados e a sua análise, permite ao procurement tomar decisões informadas que permitem optimizar os processos e a forma como os gastos são realizados. Criar uma cultura de análise de dados ajuda a criar uma cultura que vai para lá do “cortar custos” e que seja movida pela eficiência na procura do retorno do investimento (ROI).
Questionados sobre a importância do procurement na gestão dos custos com fornecedores na aquisição de produtos e matérias- primas, 30% consideraram que era muito importante, 42% que era importante, 24% que era moderadamente importante e só 4% considerou que não era muito importante.
A maioria dos CPO inquiridos afirmaram que uma ferramenta para a previsão dos preços era uma das características mais importantes na escolha de uma plataforma de procurement digital (52%). De perto seguiu-se com 51% que a mesma tivesse ferramentas que ajudassem na negociação e 50% que a informação e análise sobre o mercado eram cruciais. Este facto demonstra que existe uma tendência no procurement no sentido das decisões serem tomadas com base em dados.
Mas como a adopção de qualquer tecnologia coloca sempre questões de aprendizagem e adaptação não é estranho ver que a experiência para o utilizador encabeça as suas preocupações (29%), o facto de uma solução poder ser utilizada em todos os processos de procurement é apontada por 28%, por sua vez 22% consideram que ter uma integração fácil era importante e 21% que a mesma não necessitasse de costumização.
Muitas empresas ainda estão numa fase inicial
Embora haja uma tendência em direcção à digitalização do procurement a verdade é que muitas organizações ainda estão no início do processo. Sobre o maior impedimento ao sucesso 34% respondeu ser a implementação da tecnologia, seguido de melhorar os processos (25%), enquanto 16% apontaram as questões financeiras e o investimento.
De referir que em relação à adopção de soluções de automação de processos de procurement, 9% declararam que os constrangimentos orçamentais eram um obstáculo importante, com 30% a afirmar ser difícil conseguir orçamentar as verbas necessárias, enquanto 25% referiram ser viável se fosse possível mostrar que o investimento traria retorno.
As estratégias das cadeias de abastecimento sempre necessitaram de «uma certa dose de resiliência». As estruturas rígidas já foram muitas vezes afectadas por factores externos imprevisíveis, mas as empresas que tinham ferramentas avançadas de analítica conseguiram prever os problemas mais cedo, podendo assim circundar potenciais perigos e capitalizar nas novas tendências. Neste sentido 31% afirmaram que a volatilidade do mercado é o maior desafio que enfrentam, seguido de perto pela falta de confiança nas negociações com os fornecedores (30%).
A análise de dados fiáveis facilita a capacidade de resposta e é essencial para passar a concorrência. No entanto, 67% dos inquiridos afirmaram ter dificuldade em comparar os preços dos seus fornecedores com os preços de mercado. O que mostra que ainda há um caminho a percorrer quanto a estandardizar e integrar os dados de forma a libertar o seu valor e conseguir resultados.
A maioria dos inquiridos afirmaram que as suas equipas tinham implementado soluções de blockchain (74%), regras automatizadas (69%) e análise preditiva (53%). A blockchain permite oferecer novos níveis de visibilidade, ao criar um registo de transacções, disponível a todas as partes e que não pode ser alterado retroactivamente.
Dos inquiridos que disseram ter análise preditiva, apenas 42% disseram ter um sistema de apoio à negociação com IA, e 52% implementaram um modelo para cortar custos. Embora seja claro que equipas de procurement têm dados disponíveis para tomar decisões informadas em matéria de compras e negociação, ainda há desafios a ultrapassar quando se trata de agregar dados para conseguir extrair previsões.
É notório que as equipas de procurement estão interessadas em capitalizar as tecnologias inovadoras que possam melhorar os seus processos. Quanto a saber quais são essas tecnologias, 26% escolheram a machine learning como sendo a tecnologia com o maior impacto na performance do procurement. Seguem-se as tecnologias móveis com (20%), as tecnologias da “cloud” (15%), a inteligência artificial e as aplicações de dados, ambas com 14%, e a automatização de processos com 11%.