LOGÍSTICA 4.0

A Logística 4.0 distingue-se das anteriores pela autonomia, inteligência e capacidade de decisão que cada elemento pode assumir, interagindo com os restantes.

A tecnologia evoluiu de tal forma que são as “coisas” que nos comunicam quem são, o que contêm, de onde vêm, para onde vão, e o que pretendem fazer. Este fascinante mundo da Internet das Coisas (Internet of Things – IoT) ou melhor, da Internet de todas as coisas (Internet of Everything- IoE), veio para ficar e é já uma realidade que o mercado Português tem de acatar para poder sobreviver no mercado global.
A combinação da IA com a automação de processos permite introduzir mudanças incrementais na eficiência e qualidade dos processos. Uma evolução que irá progredir à medida que o conhecimento, sobre as situações originárias de estrangulamentos na execução do processo são identificadas e resolvidas, contribuindo simultaneamente para uma aprendizagem sobre como otimizar o fluxo de informação, face à forma como os dados são recolhidos, processados, analisados e disponibilizados ao utilizador.
De uma forma geral, podemos automatizar dois tipos de processos: processos rotineiros, que apresentam tarefas que podem ser automatizadas sem necessidade de intervenção humana e processos que, embora complexos, se pretende que sejam automatizados de forma a otimizar tempos de execução, reduzindo a probabilidade de erros, nomeadamente, humanos.
Nas últimas décadas, a distribuição e a logística passaram, de meros processos de aprovisionamento e distribuição física de produtos, para um processo integrado e complexo, quase um fio condutor da economia de influência transversal e com forte impacto na qualidade dos produtos e na rentabilidade das empresas. A um processo relativamente simples no passado, a evolução entretanto ocorrida, acrescentou novos fatores de complexidade, tais como o ambiente e a sustentabilidade, as novas tecnologias, a competitividade, a integração e a compressão dos custos.
Na verdade, o retalho como atividade de intermediação tem como funções na Gestão da Cadeia de Abastecimento agregar a oferta e provocar o encontro com a procura, conferindo transparência ao mercado, apresentando produtos de diferentes concorrentes e potencializando a reestruturação da própria cadeia de abastecimento. Desta forma, às funções clássicas do retalho de constituir sortidos, de operar logística e de proporcionar aconselhamento e informação, haverá que acrescentar as funções da conectividade e da interatividade numa base de coopetição.
Por sua vez, para os consumidores, é importante a facilidade de acesso e/ou conveniência, aos produtos e/ou serviços oferecidos, o aconselhamento e/ou informação prestada e a ausência de intermediação no processo de compra. Assim, qualquer modelo de integração avançada, que pretenda atingir ganhos globais, requer a eliminação de barreiras, reestruturação organizacional, forte participação de sistemas de informação, etc., sendo a transferência e a transparência, fatores centrais para a criação e sustentação de vantagens competitivas entre os utilizadores da cadeia de abastecimento.
Estes utilizadores da cadeia de abastecimento integrada – fornecedores, transportadores e consumidores profissionais ou finais – passam a trabalhar mais próximos, trocando informações que até então eram consideradas confidenciais e formando parcerias, jogando um misto de colaboração e competição, a tal coopetição, que estrutura muitas das relações com sucesso em tempos de globalização e vai ao encontro das preocupações de sustentabilidade e solidariedade social tão importantes nos dias de hoje e, na qual, assentarão as bases de uma nova comunidade de distribuição omnicanal.

José António Rousseau,PhD
Consultor e docente universitário
www.rousseau.com.pt

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