Os diversos setores económicos têm vindo, regra geral, a evoluir rapidamente. O setor logístico, no qual podemos incluir a indústria fabril, não é exceção. Na última década, as empresas manufatureiras têm experienciado mudanças cada vez maiores em direção à sua automação, à descentralização dos orçamentos dedicados à tecnologia, à adoção de serviços baseados na cloud e, até, de tecnologias de Inteligência Artificial (IA).
Se antes já se colocava a questão, agora, no pós-pandemia, a ‘digitalização’ das indústrias é cada vez mais urgente. Prevê-se que, em 2021, 73% das empresas manufatureiras europeias invistam mais em TI. Contudo, estas organizações estão historicamente associadas a infraestruturas e processos físicos e é natural que a transformação digital não seja linear. Barreiras como preocupações relacionadas com cibersegurança e lacunas de staff qualificado são obstáculos ainda bastante reais. Ainda assim, é imprescindível que as indústrias se preparem para as tecnologias do amanhã – começando, antes de tudo, pelo reconhecimento das suas vantagens.
1. Automação
Não é decerto um conceito desconhecido. Com a pandemia e a crescente importância do trabalho remoto, as organizações têm abraçado cada vez mais formas de automação, como meio para reduzir custos e aumentar a produtividade. Falar de automação tanto é falar de um armazém trabalhado por robots, como de pequenas operações que recorrem à automação estratégica para melhorar alguns processos-chave. Apesar da dimensão e escala de cada empresa serem fatores a considerar, a automação é, cada vez mais, um pilar fundamental para o funcionamento e sucesso destas organizações. Quanto mais qualificados formos no que respeita o trabalho com softwares, mais automatizadas serão as linhas de produção.
2. IoT, IA e Machine Learning
Estas são tecnologias que oferecem uma vasta gama de aplicações que podem ser decisivas na automatização das indústrias, permitindo, por exemplo, o ‘tracking’ de ativos, do ciclo de vida dos processos e, claro, das linhas de montagem. Recorrer à Internet of Things (IoT), IA e Machine Learning contribuirá, indubitavelmente, para a estandardização da criação de componentes, a redução de erros de produção e do desperdício, bem como para a automatização dos processos de controlo de qualidade.
De acordo com a IDC, 80% das organizações que transitaram para um modelo de trabalho híbrido vão gastar 4x mais em infraestruturas de IA e secure edge que ofereçam agilidade e a possibilidade de ter insights em tempo-real. Aliás, um estudo recente da Dynabook concluiu que 56% das indústrias fabris considera as decisões de compra relacionadas com soluções de IA e Machine Learning mais importantes agora do que antes da situação pandémica.
Smart glasses potenciados por realidade assistida são outro bom exemplo de uma tecnologia disruptiva que pode ser bastante útil. A funcionalidade ‘See-What-I-See’ é exemplo de uma tecnologia capaz de conectar, em minutos, um trabalhador no terreno a um conjunto de especialistas que podem prestar o devido apoio à tomada de decisões críticas. Estima-se que 67% das indústrias do setor fabril venha a implementar smart glasses nos próximos 3 anos. Por detrás desta decisão, estarão a possibilidade de melhor colaborar (48%) e a funcionalidade ‘hands free’ (47%).
3. Tecnologias de hardware
Quando o tópico é tecnologia, o hardware é tão importante quanto o software. Há três aspetos que devem ser prioritizados pelos decisores de TI destes setores: portabilidade, desempenho, segurança.
Olhando de novo para a indústria manufatureira, é imprescindível, para um profissional no terreno, contar com dispositivos leves, fáceis de carregar e que permitam a possibilidade de trabalho híbrido. No mesmo sentido, terão de ser robustos, de modo a, por um lado, diminuir a pressão colocada sob a assistência TI, e, por outro, otimizar a produtividade para os trabalhadores. Quanto à segurança, o debate tende a centrar-se nas empresas onde é viável trabalhar a partir de casa. Contudo, os desafios estendem-se ao setor logístico. Dispositivos que permitam monitorização, autenticação e controlo de acessos são cruciais para a segurança de qualquer empresa.
Há um quarto elemento a considerar, no que respeita a segurança dos equipamentos: a conectividade. As organizações precisam de ter especial cuidado com a monitorização em tempo-real de todas as ligações remotas, devendo gerir ativamente os pedidos de acesso dos utilizadores com base no seu objetivo, duração e frequência. À medida que a conectividade remota se torna mais comum, tornar-se-á crítico definir e impor permissões de acesso granulares para todos os utilizadores remotos, de forma a mitigar a possibilidade de sofrer golpes de hackers.
Em suma, há uma conclusão-chave a retirar para as indústrias de logística. Perante uma transformação sem precedentes, é obrigatório reconsiderar a forma como se trabalha e o papel da tecnologia no processo. Para liderarem o caminho e ultrapassarem os atuais e futuros obstáculos, os responsáveis deste setor têm de tomar uma posição proactiva face as potencialidades da tecnologia.
Carlos Cunha, Diretor Comercial da Dynabook Portugal