Exportar com segurança
Paula Machado, agente exclusiva CESCE
Para as empresas que decidem procurar outros mercados, enfrentar um processo de internacionalização pressupõe um importante esforço ao nível financeiro e logístico. Com a globalização aumentaram os riscos que as empresas enfrentam diariamente. No entanto, em muitos casos esta é a única saída para crescer ou mesmo para sobreviver.
No caso português a fraca dimensão do mercado interno e em particular, a fraca procura interna provocada pela crise económica, lançou as exportações como o principal motor económico do tecido empresarial. O sector exportador vem a crescer desde 2010 e 2015 será o sexto ano consecutivo de crescimento das vendas ao exterior.
Diversos relatórios do Banco de Portugal e do INE, apontam que o dinamismo das exportações foi o responsável pelo mitigar do decrescimento económico e, mais recentemente, pela recuperação da atividade económica. Na realidade é significativo o aumento do peso das exportações no produto interno bruto (PIB), atingindo entre 2009 e 2013, respetivamente 29% e 41% do PIB. O mercado europeu continua a ser o que tem maior peso, com 71,35% do total de exportações.
O crescimento das exportações deve-se ao esforço das empresas, que têm apostado na qualidade e na inovação, na diversificação dos mercados e na diferenciação dos produtos através de uma “boa relação qualidade/preço”. Outro dos motivos para esta evolução tão positiva das exportações foi a evolução e aperfeiçoamento de várias ferramentas que promovem a segurança nas transações comerciais internacionais. Atualmente existem serviços que foram criados especificamente para apoiar a gestão e o financiamento da internacionalização empresarial. Neste âmbito é de destacar os seguros de crédito às exportações. Estes são essenciais para enfrentar com segurança um processo de expansão comercial num país estrangeiro.
Estes seguros consistem na cobertura do risco que o exportador tem que enfrentar, riscos estes que podem ser comerciais e políticos. Os seguros de crédito evoluíram bastante nos últimos anos, fruto das necessidades que as empresas sentiram com a eclosão da crise económica e o declínio do consumo interno. Surgiram soluções com maior cobertura de risco, menores prazos para indemnização e importantes serviços adicionais que completam uma imprescindível oferta para todas as empresas que procuram novas oportunidades económicas em outros países.
Relativamente às exportações, a eficiente gestão do crédito comercial é um fator decisivo para o sucesso e os seguros de crédito são uma garantia de estabilidade perante os inúmeros riscos inerentes a um processo de internacionalização, uma vez que estes afetam as bases primárias de qualquer projeto empresarial como por exemplo o controlo de custos. O acesso a mercados externos desconhecidos leva as empresas a terem contacto com realidades políticas, económicas, jurídicas e sociais totalmente diferentes das nossas. Este desconhecimento dificulta a previsão correta do comportamento comercial e económico e é nestas situações que existe a necessidade de utilizar ferramentas que facilitem esse conhecimento e que ajudem a construir uma estrutura empresarial adequada às necessidades da procura local. É importante saber até onde nos devemos aventurar e conhecer todas as informações e métodos comerciais adequados, para que quando se inicia um projeto desta envergadura tenhamos garantias de sucesso.
Um bom seguro de crédito à exportação deve acima de tudo facilitar o acesso a informações fidedignas acerca dos mercados, de forma a facilitar a adaptação a mercados desconhecidos. Estas soluções permitem que as empresas se associem a parceiros e clientes solventes que simplificam a implantação e partilham importantes informações comerciais assim como garantir operações com clientes não habituais.
Por fim, tecnicamente os seguros de crédito à exportação têm caraterísticas muito próprias e diferentes de outros produtos no mercado financeiro que também prestam apoio à internacionalização empresarial. As ferramentas de gestão do crédito ajudam as empresas a implementar a sua estratégia e estimulam uma gestão globalizante e uma crescente competitividade.
Paula Machado
paula.machado@cesce.es