Apesar das empresas reconhecerem o valor da digitalização na eficiência das cadeias de abastecimento, nomeadamente ao nível da aplicação de tecnologias como a inteligência artificial (IA), a blockchain, o big data ou o analytics, o certo é que os directores de logística parecem não estar a incentivar os administradores das suas organizações a reinventar a função de gestão da cadeia de abastecimento, adianta um estudo da Accenture.
O relatório do estudo “Drive Your Own Disruption: Is your supply chain in sleep mode?” revela que, dos 900 diretores da cadeia de abastecimento inquiridos, 60% considera que, em 2020, a cadeia de abastecimento terá uma função focada na eficiência de custos, e que será apenas uma função de apoio (68%). Apenas 48% acredita que poderá ser uma fonte de diferenciação competitiva ou que poderá ser uma função potenciadora do crescimento das organizações (53%), acrescentando um valor significativo.
Segundo, Mohammed Hajibashi, Managing Director da Accenture e Global Supply Chain Lead, “os diretores responsáveis pela cadeia de abastecimento não deverão aceitar serem categorizados como uma função de suporte”. Na nova era digital os gestores necessitam de assegurar que a função da sua cadeia de abastecimento não é apenas um fator competitivo, mas também uma garantia de um crescimento sustentável das suas organizações. A consultora reforça que “uma adoção rápida e eficiente das novas tecnologias certas, que permita uma nova forma de trabalhar, em simultâneo com um maior envolvimento dos administradores com a cadeia de abastecimento, são a chave para um maior crescimento, através de novos modelos de negócio digitais, que proporcionam novas experiências ao cliente, desejadas pelos consumidores. “
O estudo da Accenture revela ainda que 80% dos inquiridos identificam o Chief Information Officer ou o Chief Technology Officer – e não o CEO -, o Chief Operating Officer (COO) ou o Chief Financial Officer (CFO) – como stakeholders chave, mesmo considerando o grande peso que o CFO tem na tomada de decisões de investimento em tecnologias e o papel do COO no desenho do modelo operativo.
Por outro lado, o estudo refere que em muitas organizações, a cadeia de abastecimento não é vista como “fator de diferenciação ou de crescimento”. Quanto à incapacidade da função de criar valor para a organização, os diretores de logística apontam o dedo à ausência de uma estratégia de negócio clara (43% dos inquiridos), juntamente com uma força de trabalho inadequada ao nível de competências (48%) e sistemas antigos incompatíveis (44%).
Em termos de desafios, a consultora deixa alguns pontos estratégicos para aqueles que considera serem os maiores desafios dos directores logísticos. Em termos de Liderança, deverão estar mais alinhados com a estratégia de negócio e construir uma nova e produtiva relação de trabalho com os administradores responsáveis pelo investimento digital a longo-prazo: o CFO e o COO; ao nível de Força de Trabalho precisam de construir uma força de trabalho focada nos colaboradores core da cadeia logística, colaboradores em part-time ou on-demand, e inteligência artificial/robótica – a trabalhar em conjunto para acelerar a produtividade; e, por último, o Legado Tecnológico, em que “os antigos sistemas dissociados das tecnologias digitais necessitam de menos recursos e são uma forma mais impactante de acelerar a agilidade, do que o investimento em novos e mais compatíveis sistemas. Os CSCOs podem começar por dissociar dados dos sistemas de TI antigos, replicando-os e movendo-os, em tempo real, para cloud-based data lakes que são acessíveis aos clientes”, conclui a Accenture.