Há valor na cadeia
Tiago Carvalho, Supply Chain Manager da Vandemoortele Ibérica, Barcelona
Durante demasiado tempo as actividades de Logística foram consideradas um mal necessário em empresas industriais. Um custo que não se podia eliminar, mas que se tentava reduzir.
Afinal tratava-se de receber, armazenar e entregar materiais; processos aparentemente simples num mundo intrincado. Muitos livros foram escritos desde então, mas ainda se podem ver casos onde esta visão primária subsiste; um fraco favor que a empresa presta a si mesma.
A estrutura elementar de Logística torna-se alvo de exigências para as que não está preparada. Tem que oferecer mais do que baixo stock e alto serviço: deve passar as fronteiras dos transportes e armazém e abranger todos os processos vizinhos. Num mundo onde a concorrência está cada vez mais nivelada, os gostos e as modas nascem e morrem à velocidade de um click e situação económica força a criação de vias alternativas, os processos e planificações tradicionais são insuficientes. Procedimentos rigorosos, produções fixas e lead times standard deixam de ser aplicáveis à realidade competitiva. A cadeia de aprovisionamento deve portanto retrair-se sempre que possível, evitando criar redundâncias ou desperdícios adicionais e sendo ambientalmente responsável.
O triplo A – Agilidade, Adaptabilidade, Alinhamento – começa dentro do próprio departamento para logo contagiar outras partes da empresa, mas não funciona completamente sem a participação de quem a rodeia. Cabe também à organização de Supply Chain criar parcerias estratégicas a nascente e poente, formando relações win-win duradouras e reforçando decisões estruturadas a longo prazo.
Eis então que se abre o horizonte e responsabilidade do especialista de Supply Chain, desde o fornecedor do fornecedor até ao cliente do cliente. Nele encontramos a melhor ferramenta para tomar o pulso dos mercados de serviços, matéria-prima e dos próprios clientes com o objectivo de potenciar oportunidades e minimizar riscos. E as empresas já não são indiferentes a isto, basta ver o crescente número de posições de relevo como Vice-Presidente deSupply Chain ou Chief Logistics Officer.
O profissional moderno de Supply Chain é alguém que entende a globalidade do negócio, vê conexões e oportunidades que normalmente passam despercebidas, intui o futuro e conduz a mudança. No fim do dia cria valor e vantagem competitiva com as suas decisões.
Tiago Carvalho, Supply Chain Manager da Vandemoortele Ibérica, Barcelona