Kelly Global Workforce Index 2014
Manuel Sousa Antunes, administrador da Transporta – Go Express (Grupo Barraqueiro)
A recente publicação dos resultados relativos ao “Kelly Global Workforce Index 2014”, estudo anual conduzido pela Kelly Services sobre emprego e ambiente de trabalho, deveria merecer uma reflexão profunda por parte de empresários e gestores a actuar em Portugal.
Realizado em 31 nações, contou com a participação de praticamente 230 mil profissionais, cerca de 13 mil dos quais no nosso país, tendo demonstrado estarmos entre os que menos se sentem valorizados pelos respectivos empregadores e menor comprometimento apresentam face às suas organizações.
Portugal encontra-se aquém da média global (41%) em termos de comprometimento para com a função actual, uma preocupação apenas presente entre 19% dos profissionais do nosso país. Apenas a Itália (3%) e a Hungria (10%) apresentam resultados inferiores.
A incapacidade para gerar “engagement” entre o profissional, a organização e os correspondentes objectivos possui consequências nefastas em termos de desempenho e, consequentemente, capacidade produtiva da própria organização.
Estou firmemente convicto da enorme responsabilidade dos “líderes” na falta de sintonia entre colaboradores e respectivas organizações. Escasseiam responsáveis que, simultaneamente:
1. Definam e comuniquem claramente os objectivos e as estratégias organizacionais
2. Envolvam os colaboradores nas decisões e nos caminhos a seguir pelas empresas
3. Seduzam os colaboradores para o projecto organizacional
4. Tracem objectivos-macro perfeitamente claros para cada função com estreita ligação à avaliação de desempenho – bónus – formação / reciclagem
5. Proporcionem desafios constantes, ou seja, para além da própria actividade, disponibilizem aos colaboradores diferentes tarefas, inovação e desenvolvimento, representação da empresa em contextos externos à mesma
6. Permitam a compatibilização das vidas profissional e pessoal
7. Mas, fundamentalmente, pratiquem o “keep it simple”
- “Parabenizar” quando algo é bem feito ou alcançado
- Ser um exemplo de esforço, trabalho, resiliência, organização, método, cumprimento
- Mostrar claramente que o liderado também pode ensinar, encaminhar, enquadrar o líder
- Actuar com verdade, frontalidade e coerência
- Criar verdadeira empatia
- Passar a mensagem de que há tempo, espaço e locais para tudo: trabalhar, brincar, chorar e rir
- Fazer sentir que está com os colaboradores e estes percepcionarem que, juntos, são uma verdadeira equipa
- Conceder espaço para a criatividade, o empreendedorismo e a opinião / sugestão
Cumprindo os requisitos acima descritos, líder e líderes intermédios das organizações alcançam comprometimento por parte dos colaboradores e, consequentemente, retêm-nos, de facto. Daí à produtividade, a “besta negra” da economia nacional, será um pequeno passo.
São necessárias, no fundo, lideranças em nome das pessoas e para as pessoas. Desde que envolvidos e “energizados”, bem como conscientes de estarem a bater-se por um “happy ending”, os profissionais portugueses constituem claras mais-valias e revertem resultados de estudos como o KGWI.