Existem setores de atividade que são absolutamente cruciais para o funcionamento da economia mas que, ao mesmo tempo, são “invisíveis” para a esmagadora maioria das pessoas. É certamente o caso da Logística. Mas esta espécie de “manto de invisibilidade” só se mantém enquanto tudo corre sobre rodas – é, precisamente, quando a logística falha que a sua importância se torna aparente.
Foi certamente o que aconteceu desde 2020, com a pandemia da COVID-19. Subitamente, descobrimos que uma série de produtos de consumo – dos computadores e equipamentos de eletrónica de consumo, aos automóveis – deixaram de estar disponíveis devido às disrupções que as medidas de confinamento em todo o mundo criaram, não apenas no processo de produção, mas também, na cadeia de abastecimentos e na circulação de bens.
Outros eventos recentes, como o caso do porta-contentores que, ao encalhar, criou um “engarrafamento” no Canal do Suez (1) em março de 2021, precisamente num momento em que as cadeias de abastecimento (re)começavam lentamente a funcionar na ressaca dos prolongados períodos de confinamento.
Como se tudo isto não bastasse, o setor dos transportes – uma componente crucial da cadeia logística – veio a sofrer desafios adicionais, estando, desde o início de 2022, num contexto de maior disrupção no fornecimento e circulação de bens, devido à subida dos custos da energia em todo o mundo, mas, sobretudo, na Europa.
No final de tudo isto, o mundo ainda assistiu ao regresso da inflação, com taxas que já não conhecíamos desde os anos 90 do século passado.
Da visibilidade às soluções
O setor da logística tornou-se, assim, “visível” para toda a população, no entanto, pelas piores razões, uma vez que, foi preciso que algo corresse mal para que se tornasse evidente a importância da logística no funcionamento da economia e no quotidiano de milhares de milhões de pessoas em todo o mundo.
Com a economia mundial finalmente a recuperar e, de alguma forma, a acomodar-se a esta nova realidade, é agora tempo da logística e dos transportes voltarem-se para dentro e compreenderem a melhor forma de enfrentar os desafios. Desafios esses que, de resto, já existiam antes de 2020, mas que um conjunto de eventos e circunstâncias vieram exacerbar e, ao mesmo tempo, requerer uma resposta rápida por parte dos responsáveis, sob pena de perderem competitividade.
Um dos problemas mais imediatos passa pelos preços da energia que, no caso das empresas de logística com forte componente de transporte rodoviário, é uma parte significativa dos custos de operação. Apesar do pico no preço dos combustíveis parecer já ter sido ultrapassado, nada na situação económica mundial nos aconselha a estarmos tranquilos.
É neste cenário de custos das operações logísticas que não param de aumentar, que é bom lembrar que podemos tirar partido da tecnologia para incrementar a eficiência e a produtividade, reduzir custos e, ao mesmo tempo, ajudar a promover a segurança de veículos e condutores.
Os sistemas de gestão de frotas através de GPS são uma das tecnologias mais interessantes. Por um lado, porque são relativamente fáceis de implementar e, por outro, porque oferecem várias vantagens a empresas de diferentes dimensões, ao permitirem monitorizar as operações, fornecendo dados relevantes para a criação de planos que promovam hábitos de condução seguros e eficientes. Esta é uma solução que pode ajudar a reduzir o risco e os custos com frotas, com vantagens imediatas tanto para as empresas como para os motoristas.
A gestão de frotas é hoje uma ferramenta essencial para muitas empresas e, no caso do setor da logística mais dependente do transporte rodoviário, pode significar a diferença entre ser-se competitivo e deixar-se ultrapassar pelos seus concorrentes.
Os principais objetivos destes sistemas prendem-se com o incremento da eficiência e produtividade da frota, assim como com a promoção das condições de segurança dos seus condutores – o que se consegue, normalmente, através da combinação da localização de veículos, relatórios sobre o consumo de combustível, informação sobre a forma como as viaturas da frota são conduzidas e a gestão da sua manutenção.
Especificamente no que diz respeito ao mercado português, um estudo recente encomendado pela Verizon Connect à ABI Research (2) revela benefícios diretos da integração de soluções tecnológicas de localização GPS nas frotas das empresas em quatro grandes áreas: serviço ao cliente (71% dos inquiridos indicaram ter melhorado o serviço ao cliente), produtividade (melhorias nesta área em 56% dos casos), custos (53% indicaram terem reduzido custos com combustíveis) e segurança (uma redução do número de acidentes em 46% dos casos).
Com estes benefícios e vantagens importantes em mente, é evidente que a tecnologia de gestão de frotas através de GPS pode afetar de forma positiva todos os tipos de empresas – embora o setor da logística e dos transportes seja aquele em que o impacto poderá ser ainda mais evidente.
Num contexto dos desafios globais e numa economia cada vez mais digitalizada, a tecnologia de gestão de frotas está a impor-se como uma ferramenta poderosa que ajuda as empresas a competir de forma mais eficaz.
Paulo Carvalho, Senior Sales Manager, Verizon Connect Portugal
Referências:
https://en.wikipedia.org/wiki/2021_Suez_Canal_obstruction
https://www.verizonconnect.com/pt/relatorio-de-tendencias-tecnologicas-de-frotas-portugal/