No final do ano de 2019, quando Ursula von der Leyen assumiu a Presidência da Comissão Europeia, estava longe de imaginar que a excelente rota que projetou para o desenvolvimento futuro da União Europeia fosse atravessada pelos terríveis efeitos da pandemia COVID 19 e, subsequentemente, pelo inimaginável conflito militar que, embora se circunscrevendo a dois países não pertencentes à União Europeia, não deixa de significar o regresso de conflitos armados ao continente europeu e consequentes impactos extremamente negativos.
O pacto ecológico, a transformação digital da europa, uma economia que funcione para as pessoas, uma europa mais forte no mundo, promover a justiça e o modo de vida europeu e dar um novo impulso à democracia europeia, são os grandes desígnios da atual Comissão em funções na União Europeia. São sem dúvida desígnios importantes, em que a larga maioria dos cidadãos da União Europeia se revê e que trarão desenvolvimento sustentável para a Europa de hoje e para a Europa de amanhã.
Em termos económicos, um dos principais aspetos do modo de vida europeu é o livre comércio. Não é por acaso que apenas um continente, a Europa, está envolvido em cerca de 40% do comércio de todo o mundo. A Europa acredita, e bem, que através do comércio se estabelecem parcerias de desenvolvimento sustentável para todo o mundo.
De acordo com o Burgee – Relatório dos Oceanos, Mares e Rios, do projeto Blue Info da Skipper & Wool, Lda, durante a pandemia o comércio mundial de bens e serviços entre países foi severamente afetado devido aos bloqueios sanitários. Citando a UNCTAD e o FMI, o Burgee refere que, em milhões de dólares, entre 2019 e 2020, o comércio internacional reduziu 7,5% e a pandemia COVID-19 causou uma rutura a nível global, com o PIB da zona euro a cair 6,6% no ano de 2020, uma queda sem precedentes nas últimas quatro décadas. Da mesma forma, o conflito armado está também a fazer perdurar esta crise iniciada durante a pandemia. Toda esta inesperada situação causou uma verdadeira encruzilhada de rotas que é necessário ultrapassar e retornar ao caminho de desenvolvimento projetado para a União Europeia, no fim de 2019.
Durante a pandemia, os portos nunca fecharam e tornaram possível fazer chegar a ajuda internacional a todos os cantos do mundo, num momento muito difícil. Mesmo em situações de conflito, de tensão e de grande instabilidade, têm sido entidades fundamentais no processo de transição energética e de descarbonização. Têm sido centrais em todo o processo de transformação digital da Europa.
São múltiplos os debates e as ações do setor dos portos e do transporte marítimo sobre os temas de emissões líquidas zero, tecnologias mais limpas, abastecimento da União Europeia de energia vinda de outros continentes, produção de energia renovável offshore, permanente evolução digital dos portos, análise dos grandes dados do comércio marítimo, cabos submarinos que se iniciam e terminam em portos, infraestruturas portuárias que se adaptam ao novo mundo “verde” e “digital”.
É caso para dizer que, apesar das enormes dificuldades que o mundo enfrenta, os portos da União Europeia estão a implementar: o pacto ecológico, a transformação digital, uma economia que funcione para as pessoas, uma europa mais forte no mundo, o modo de vida europeu e a dar um novo impulso à democracia. Desta forma, os portos europeus estão a ajudar a ultrapassar esta grande encruzilhada em que a Europa e o Mundo se encontram.
Miguel Marques
Blue Info Global Leader