Desde há muito que se assiste à tendência, pelas diversas áreas de negócio, de melhorar e otimizar processos. As opções de melhoria de processos surgem por diversas razões, duas delas são seguramente distintas. Uma aparece pela boa prática de gestão, através da procura da melhoria contínua, isto é, pela procura permanente de novas soluções, antecipando necessidades. Outra surge em consequência de qualquer evento que potencia a procura de novas soluções. Em comum está a necessidade de mudar.
Com a evolução das tecnologias, quer ao nível dos softwares, quer dos equipamentos, as possibilidades atuais de colocar em prática aumentos reais de rendimento no trabalho são grandes, sempre dependendo do ponto de partida. Esta é uma realidade que as organizações procuram ou devem procurar.
Os resultados das mudanças implementadas otimizam processos que, tendencialmente, derivam em maior rendimento, através dos equipamentos, das pessoas ou de ambos.
É precisamente a questão das pessoas que merece uma reflexão sobre o futuro. Os processos de otimização resultam em melhores condições para produzir mais. Quando o aumento de produção resulta num aumento de carga em pessoas, existe um desafio no futuro, devido às melhores condições para fazer mais rápido e de forma mais eficiente.
Tomemos como exemplo processos de picking. Há relativamente pouco tempo existiam processos baseados em papel, em seguida apareceram os WMS’s, depois apareceram os equipamentos portáteis, cada vez mais evoluídos e com ligações mais eficientes com os WMS’s como o voice picking, o vision picking, etc. Toda esta evolução tem o objetivo de fazer mais, se possível com menos.
Quando esta evolução, para ser efetiva, assenta em aumento de carga sobre pessoas existe um limite. Qual é esse limite? Existem limites físicos que não devem ser ultrapassados e sobre os quais é necessário refletir. É aqui que entra a questão da responsabilidade social. Como devem as organizações encarar este tema? Que consequências existem para a sociedade em geral e para as organizações em particular que precisam dessas mesmas pessoas, quando os limites físicos são ultrapassados?
Numa sociedade cada vez mais envelhecida esta questão é ainda mais critica e deve envolver os gestores na procura de soluções que, por um lado, tenham em conta a saúde das pessoas e, por outro, não estagnem a evolução dos seus processos, tornando-os mais eficientes.
É necessário encontrar os pontos de equilíbrio entre os aumentos de produtividade, quando resultam em carga física e a responsabilidade das organizações para com a sociedade.
A procura destes equilíbrios é um desafio para todos nós.
Pedro Camilo, distribution center manager na Lactogal Produtos Alimentares