A revolução digital continua a redefinir o panorama do trabalho em todos os setores, e o impacto da Inteligência Artificial (IA) tem sido particularmente significativo na área da Logística e Supply Chain. De acordo com o recente estudo Global Workforce of the Future do Grupo Adecco, a IA está a poupar aos trabalhadores, em média, uma hora por dia, permitindo-lhes focar-se em tarefas mais criativas e estratégicas. Mas como é que esta tecnologia afeta as operações e os Recursos Humanos no setor da logística, onde a eficiência e a velocidade são fundamentais?
Nos últimos anos, a adoção de IA tem revolucionado a forma como as empresas de logística gerem as operações, com destaque para a automação de tarefas repetitivas e para a previsão de padrões de procura. Neste sentido, a automação e os modelos preditivos de IA permitem às equipas focarem-se em áreas críticas como a otimização de rotas e a previsão de stocks, melhorando significativamente a capacidade de resposta e, em última instância, a satisfação dos clientes.
Além da produtividade, a IA desafia também as empresas a preparar os seus colaboradores para este novo cenário, onde as funções evoluem com o avanço tecnológico. No entanto, há uma preocupação crescente entre os trabalhadores sobre a segurança do emprego, num setor onde a transformação digital é constante. Segundo o estudo da Adecco, 40% dos trabalhadores estão preocupados com a sua segurança laboral a longo prazo.
Por isso, a verdadeira transformação no setor não se limita à eficiência. A integração da IA na logística e na cadeia de abastecimento realça a importância da adaptabilidade dos colaboradores. Atualmente, apenas 11% dos trabalhadores globais estão considerados “preparados para o futuro” — uma percentagem que traduz uma lacuna significativa em termos de desenvolvimento de competências. Desta forma, para resolver este desafio, as empresas precisam de adotar uma abordagem que priorize a formação contínua. Ensinar aos colaboradores não só como utilizar a IA, mas também como colaborar com a tecnologia, é essencial para assegurar que a inovação se alia ao valor humano nas operações.
Com a automação de tarefas repetitivas, IA apresenta-se como uma ferramenta que pode reduzir a carga de trabalho físico e, idealmente, dar mais tempo para atividades estratégicas, sobretudo no setor da logística, onde a carga física e o ritmo são intensos. No entanto, esta transição não é isenta de desafios: cerca de 40% dos trabalhadores, em vários setores, relataram sintomas de burnout, subindo para 62% entre aqueles que se sentem ameaçados pela IA.
Para responder a estes desafios, é essencial que as empresas criem uma cultura de inclusão, onde os colaboradores se sintam seguros e incentivados a participar ativamente no processo de transformação. Para que a IA traga benefícios reais, é necessário um compromisso com o desenvolvimento humano e o bem-estar psicológico, assegurando que cada trabalhador compreenda o seu papel na era digital.
Além das questões de saúde mental e segurança no emprego, a IA oferece uma oportunidade única para alinhar o setor logístico com práticas mais sustentáveis, isto é, a possibilidade de prever flutuações de procura e ajustar os níveis de inventário com mais precisão, não só maximiza os recursos como minimiza o desperdício. Desta forma, a logística verde, alinha-se com o compromisso ambiental e social das empresas, com os Recursos Humanos desempenharem um papel crucial na formação para práticas sustentáveis.
Assim, a introdução de IA no setor da Logística e Supply Chain não é uma simples questão de automação, mas sim de encontrar o equilíbrio entre o poder da tecnologia e o valor humano. Ao investir no desenvolvimento contínuo dos seus colaboradores, as empresas aceleram a transformação digital, garantem uma vantagem competitiva duradoura. Num setor onde a velocidade e a precisão são vitais, a IA tem o potencial de transformar a cadeia de abastecimento, promovendo, em simultâneo, uma força de trabalho resiliente e preparada para o futuro.