«Um dos objetivos da Marguisa é tornar a África Ocidental acessível»

A Marguisa foi fundada em 1990, e na atualidade, a Marguisa Shipping Lines é a linha internacional de porta-contentores e carga de projetos de referência em Espanha. Como parte de um Holding Group, denominado Sea & Ports, disponibiliza serviços regulares de e para a África Ocidental. Com presença em 55 países e mais de 100 escritórios, Andrés Cadenas Casanova, Head of Sales & Marketing at Marguisa Shipping Lines, diz que um dos principais objetivos da Marguisa é tornar a África Ocidental mais acessível.

Logística Moderna – Seria possível falar um pouco da Marguisa e do grupo económico em que a empresa está inserida?
Andrés Cadenas Casanova – A Marguisa é uma empresa de capital 100% espanhol fundada em 1990 sob o nome mares de Guiné (abreviada Marguisa). Desde a sua origem, o maior mercado tem sido a África Ocidental, principalmente a Guiné Equatorial, pelos laços históricos e culturais.
Em 2014 foi criado o grupo Sea & Ports, ao qual a Marguisa pertence. O objetivo é fortalecer e diversificar as linhas de negócios dentro de cada uma das divisões que a compõem (linhas marítimas, agências marítimas, estivadores e logística).
Desde então, o grupo Sea & Ports, e a Marguisa mais especificamente, não pararam de investir em novos serviços para aumentar o volume de negócios e posicionar-nos como referência na África Ocidental, ao nível do serviço marítimo e logístico. O nosso objetivo sempre foi superar as expetativas dos nossos clientes.

 

A empresa tem a sua actividade centrada na África Ocidental? Como surge este posicionamento?
Como referi anteriormente, a Marguisa nasceu na África Ocidental. A confiança dos clientes e o conhecimento adquirido nesta área em particular, levaram a muitas oportunidades e sinergias em países como Camarões, Dakar ou São Tomé.
Mediante os valores da nossa empresa e com o objetivo claro de procurarmos sempre pela excelência, os serviços que oferecemos encaixam-se perfeitamente com as necessidades dos clientes. Por esta razão, a África Ocidental tem sido, é, e continuará a ser, o nosso principal mercado. Temos um compromisso muito forte com este Continente e com todos os países em que trabalhamos.

 

Serviço regular de navios de contentores na África Ocidental
Quais os portos que são escalados (em África, na Europa, outros continentes ou regiões se aplicável)? Que linhas têm? Qual a sua periodicidade?
Na África Ocidental, temos um serviço regular de navios de contentores para Togo (Lomé), Benin (Cotonou), Guiné Equatorial (Bata e Malabo), Camarões (Kribi e Douala) e São Tomé e Príncipe (Santo Tomé).
Temos 10 linhas diferentes de serviço de contentores, oferecendo partidas e chegadas semanais. Além disso, oferecemos 2 linhas Ro-Ro e 3 linhas multiuso, também muito focadas na África Ocidental.
Os nossos serviços cobrem praticamente o mundo inteiro, de ou para a África Ocidental. Usando Valência, Algeciras ou Tânger como um centro de transbordos, juntamente com uma extensa e eficiente rede de alimentação (feeders), somos capazes de conectar a Europa, todo o Mediterrâneo, Oriente Médio, Índia, Sudeste Asiático, Extremo Oriente, América do Norte e América do Sul, com os principais países da África Ocidental.

 

Dos portos escalados quais são os mais importantes?
Para a Marguisa, a maior presença e o maior volume de negócios nas exportações para a África Ocidental está altamente concentrado na Europa. Valência, Lisboa, Istambul, Antuérpia ou Génova são portos onde temos um grande volume de atividade e onde estamos continuamente a implementar novos desenvolvimentos.
Em África, todos os portos desempenham um papel fundamental para a Marguisa, sendo o nosso principal mercado a Guiné Equatorial (Bata e Malabo), Camarões (Kribi e Douala) e S. Tomé e Príncipe (São Tomé), onde aumentámos consideravelmente os nossos volumes nos últimos cinco anos, ajudando-nos a diversificar e consolidar os nossos negócios.

 

Para se ter uma melhor ideia do comércio entre a Europa e a África Ocidental, fazem mais carga com destino em África ou de África para a Europa?
Aproximadamente 80% do nosso volume é para África. No entanto, vimos, nos últimos dois anos, o volume de carga a partir de África aumentar a nível geral, algo que nos ajudou a melhorar nosso “match back”. Sem dúvida, que esta é uma boa notícia para nós e para o desenvolvimento do tecido empresarial de manufactura em África.

 

Movimentação anual de mais de 20.000 TEUS
Têm uma frota de nove navios, de que tipo são e porquê?
– 5 navios de contentores com capacidade para 3.500 TEUS equipados com 3 gruas de 45 toneladas. Estes navios são operados no serviço regular de navios de contentores Marguisa Africa Service (MAS).
– 1 embarcação RORO com capacidade de 2.500 metros lineares de rampa fixa para popa e rampa lateral a estibordo.
– 2 embarcações MPV de 12.346 DWT e gruas 2×80 tns+ 1 x45 tns para projeto de carga / contentores / granel.
– 1 embarcação MPV de 8.232 DWT e gruas 2×40 tns para projeto de carga/ contentores/ granel.
– 1 barcaça de 1000 DWT tns com rampa de proa para tráfego rodoviário, carga geral e contentores em portos de pouco calado.

 

Todos os vossos navios estão equipados com gruas? Qual a importância deste tipo de equipamento no contexto dos portos africanos?
Todos os nossos navios têm as suas próprias gruas, já que a maioria dos portos africanos onde trabalhamos, não têm todos os meios necessários. Devido à complexidade da operação, e para minimizar os riscos, consideramos que é a melhor opção, embora nem sempre a mais económica.

 

Falando de carga contentorizada, quantos TEUs movimentam por ano? É possível ter médias mensais?
Anualmente, movimentamos mais de 20.000 TEUS. O volume mensal varia dependendo da sazonalidade das cargas, mas o mês com a maior carga do ano geralmente é novembro, pouco antes do Natal.

 

85% da carga transportada é em contentores DRY
Ainda no que refere à carga contentorizada têm contentores “dry” e “reefer”. Qual a percentagem de cada tipo de carga? Também têm contentores “flat rack” e “open top”, qual a importância deste tipo de contentores na vossa operação e que tipo de cargas transportam?
A Marguisa tem sua própria frota de contentores. Temos equipamentos Dry, Reefer, Open Top e Flat Rack.
85% da carga que transportamos é em contentores DRY. 12% está em contentores REEFER. Esse tipo de equipamento desempenha um papel fundamental no tráfego para África, uma vez que praticamente toda a mercadoria é alimentar para consumo humano. Por isso, fizemos um grande investimento para que o equipamento esteja em ótimas condições.
Em contentores Open Top e Flat Rack transportamos apenas 3% da nossa carga total. Principalmente materiais de construção de elevadas dimensões e maquinaria pesada, como retroescavadoras, escavadoras ou camiões de grande tonelagem. São operações complexas, muito técnicas e de alto valor acrescentado, onde normalmente a Marguisa é indicada para realizar serviços adicionais, como amarração ou transporte terrestre. Para os projetos de construção e engenharia em que trabalhamos, para nós é essencial ter esse tipo de contentores. Felizmente, também temos vários serviços multiuso que se encaixam perfeitamente nesse tipo de operação e nos dão a oportunidade de apresentar várias alternativas aos nossos clientes.
É aqui que demonstramos a nossa versatilidade. Disponibilizamos todos os tipos de contentores, serviços e opções para os nossos clientes. Esse é o objetivo.

 

Têm três navios multiuso que tipo de cargas transportam (tipicamente) e qual a importância destes na vossa operação? Qual o volume de carga transportada anualmente e a média mensal se possível?
Sendo navios multiuso, a mercadoria transportada varia muito, desde mercadorias em grandes sacos e aço, até transformadores e cargas especiais, eólicas ou iates. Para as operações de heavy lift ou mercadoria especial, o nosso departamento técnico prepara rigorosos “lifting plans”, e os nossos capitães portuários vêm às operações para garantir uma operação segura.
Em relação ao volume de carga, estamos a carregar cerca de 300.000 frt/ano.

 

Têm um navio Ro-Ro, qual o volume de veículos transportados?
Tem capacidade para 2500 LM, dependendo do tipo de veículo falamos: de 650 carros ou 170-200 camiões/autocarros.

 

Presença em 55 países e mais de 100 escritórios
Quais são os mercados mais importantes? Em quantos mercados operam? Quantos escritórios têm?
Temos presença em mais de 55 países ao redor do mundo, com mais de 100 escritórios disponíveis para os nossos clientes.
Os nossos mercados mais importantes são a Europa, o Mediterrâneo e a África Ocidental.
Que interligações é que as vossas linhas permitem (conexões com outras linhas/mercados)?
Um dos principais objetivos da Marguisa é tornar a África Ocidental mais acessível. Como disse antes, a Marguisa possui uma extensa rede de alimentação (feeders) que possibilitam ligar o mundo inteiro de e para a África Ocidental usando os nossos portos HUB de transbordo, Valência, Algeciras e Tânger. Isso permite-nos oferecer aos nossos clientes um vasto número de serviços e portos para transportar as suas mercadorias, expandindo opções e eliminando barreiras.

 

África continuará a ser a aposta da Marguisa
Quais os serviços prestados pela Marguisa/Grupo Sea & Ports? O que vos distingue de outros players do mercado? Que flexibilidade têm para ir ao encontro das expectativas dos vossos clientes?
A Marguisa, como parte do grupo Sea & Ports, tem o cliente como a pedra angular de toda a sua estratégia. Oferecemos serviços marítimos à medida, onde somos nós que nos adaptamos às suas necessidades, e não o contrário. Analisamos cada caso e, com base na nossa estrutura, experiência e conhecimento, propomos o que acreditamos ser a melhor solução.
África é um continente em expansão, mas muito desconhecido para a maioria das empresas. Há inúmeras oportunidades, mas o medo do desconhecido leva a que muitas vezes sejam perdidas. Na Marguisa e na Sea & Ports, trabalhamos para disponibilizar aos nossos clientes todo esse “expertise” para que eles apostem em África. O interesse é mútuo.
Não nos queremos limitar a sermos mais um fornecedor para os nossos clientes. Queremos acompanhá-los nos seus desenvolvimentos, aconselhá-los, ajudá-los e, claro, continuar a aprender com eles.
Os nossos clientes valorizam essa proximidade com a Marguisa de forma muito positiva. São eles que nos encorajam a melhorar, porque há sempre coisas para melhorar. São eles que propõem novos desenvolvimentos ou mudanças. O cliente está totalmente integrado dentro da nossa estrutura e, sem dúvida, essa é a maior força que a Marguisa pode ter.

 

E quanto ao futuro?
Temos um objetivo claro, que é consolidar a Sea & Ports como um grupo marítimo de referência na África Ocidental. Muitos avanços têm sido feitos nessa direção, como a abertura de escritórios próprios em S. Tomé e Príncipe, melhorando o serviço marítimo MFS para este mesmo país com chegadas semanais, algo totalmente novo no mercado, ou o lançamento do serviço Ro-Ro entre o Brasil e a África Ocidental (BRAWAF), exclusivo da Marguisa. Este é um exemplo claro do nosso compromisso.
A partir da Marguisa, sempre apoiada pela Sea & Ports, continuaremos a apostar em África, desenvolvendo e reforçando serviços para enfrentar todas as situações excecionais que encontramos e continuaremos a atender. Trabalharemos para continuar a oferecer um serviço de qualidade, onde o cliente se sinta confortável e nos ajude a continuar a crescer. Lançaremos novas ferramentas digitais, que serão complementares, e não exclusivas dos serviços que oferecemos atualmente. Queremos fazer evoluir o nosso serviço mais um nível baseado na comunicação proativa e no uso de inteligência artificial, mas sem perder a proximidade que tanto precisamos com os nossos clientes.
Por razões conjunturais, a logística global vive momentos tensos e todos, em maior ou menor grau, estão a sofrer. No transporte marítimo há cada vez menos opções. É por isso que queremos ser esse parceiro fiável para os nossos clientes, onde da humildade e da escuta ativa podemos entender-nos e superar juntos todas as contingências. O nosso sucesso é o sucesso do cliente.

 

Este artigo foi publicado na edição 184 da Logística Moderna

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