Responsáveis da cadeia de abastecimento necessitam de ter uma estratégia de conservação de recursos

Os Chief Supply Chain Officers (CSCOs) devem adotar estratégias de conservação de recursos para abordar tanto a inflação como a escassez da oferta, aconselha a Gartner. “Os CSCOs preveem que os aumentos previstos da inflação e a atual escassez da oferta vão levar a novos desafios de produção e a ineficiências na expedição”, afirmou Sarah Watt, analista sénior da the Gartner Supply Chain practice. “Estas restrições não são de curto prazo, a tendência subjacente é que a procura de bens está a aumentar e a oferta é cada vez mais escassa”.

Acresce que os CSCOs enfrentam a pressão dos stakeholders internos e externos para tornarem as suas cadeias de abastecimento mais sustentáveis. De acordo com um inquérito da Gartner a 983 profissionais da cadeia de abastecimento, realizado entre Agosto de 2021 e Outubro de 2021, 67% dos inquiridos afirmaram estar a investir na inclusão de métricas de sustentabilidade ambiental e social como KPIs para os líderes da cadeia de abastecimento.

A conservação de recursos é um fator chave para mitigar estes desafios. A Gartner sugere três estratégias, que os responsáveis pela cadeia de abastecimento podem implementar.

Abrandar o Consumo Primário através de Modelos de Economia Circular
Até agora, o progresso económico tem sido baseado no consumo linear – tomar, fazer, dispor. No entanto, há uma lenta, mas constante mudança para modelos de economia circular. “A economia circular proporciona uma oportunidade de dissociar as matérias-primas do crescimento. As atividades da economia circular vão desde os modelos “as-a-service” até modelos de consumo colaborativo que incentivam o retorno”, afirmou Sarah Watt.

Outro aspeto importante é a posse de materiais em fim de vida, especialmente se estes contiverem matérias primas valiosas. Se as empresas conseguirem fechar o ciclo, podem tornar-se mais resilientes contra as falhas de abastecimento. “Essencialmente alguns fornecedores estão a utilizar materiais “em fim de vida” como uma forma de mitigar os efeitos da inflação e as preocupações de disponibilidade de matérias primas”, disse a especialista.

Antes de iniciar uma estratégia de economia circular, Sarah Watt recomenda que tanto o impacto ambiental, como financeiro e social seja avaliado a nível de produto e serviço. “A escolha da economia circular também pode vir com consequências involuntárias. Os responsáveis da cadeia de abastecimento precisam de definir os melhores candidatos à circularidade, ou podem acabar por criar uma maior carga ambiental em vez de a reduzir”.

Tratar os resíduos como um bem com valor
Num ambiente de abastecimento limitado, os responsáveis da cadeia de abastecimento devem capitalizar o valor potencial dos resíduos e vê-los como um bem. A capitalização do valor pode ser conseguida através da construção de ecossistemas em parceria com empresas de inovadoras de reciclagem, valorização de resíduos. Com novos quadros legislativos a serem constantemente aprovados que responsabilizam os fabricantes e novos regulamentos sobre resíduos, estes serão cada vez mais vistos como um risco – quando também poderiam ser um recurso. Os responsáveis pela cadeia de abastecimento precisam de mudar as suas estratégias para englobar os fluxos de resíduos e conseguirem controlar os mesmos para que os materiais residuais possam ser utilizados eficazmente.

Preservar o Capital Natural
Capital natural são os stocks geológicos, solo, ar e água de que as organizações dependem para a produção de materiais. Sem reservas de capital natural, as cadeias de abastecimento não funcionariam. No entanto, o capital natural é visto como uma externalidade – ninguém paga por ele.

Os responsáveis pela cadeia de abastecimento devem mudar as suas relações com o capital natural e concentrarem-se em atividades como a redução da perda de biodiversidade, o combate à desflorestação, ou a exploração das possibilidades da agricultura regenerativa. “O risco atual é que os responsáveis pela cadeia de abastecimento estejam a gastar as matérias-primas mais rapidamente do que as podem regenerar e as cadeias de abastecimento devem certificar-se de que não destroem a base dos seus próprios negócios”, concluiu Sarah Watt.

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