Savills fala na diversificação das cadeias de abastecimento dos mercados globais de logística

A disrupção associada à Covid-19 desafiou a resiliência no abastecimento da produção em todo o mundo e deverá acelerar uma tendência no sentido das cadeias de fornecimento regionais e de nearshoring. A análise é da Savills que diz que a criação de locais de produção alternativos tem o potencial de alterar os fluxos comerciais e, por sua vez, trazer mudanças na dinâmica do mercado industrial e de logística global.

A Savills identificou o potencial de nearshoring da produção de países que são grandes mercados de consumo ou que estão localizados na proximidade imediata de um destes mercados. O Índice de Nearshoring da Savills classifica os países de acordo com os seus custos de mão de obra industrial, custos de electricidade e de infraestruturas e a abertura do comércio.

«Veremos as indústrias a aproximarem as unidades produtivas e respectivas cadeias de abastecimento para a proximidade dos mercados de destino de consumo. Este movimento de relocalização será amplificado no futuro pelos desenvolvimentos tecnológicos, que possibilitam e possibilitarão aos agentes económicos, aumentar significativamente as suas eficiências produtivas. Isto é, a função produção de todos os intervenientes das cadeias de abastecimento irá ajustar a proporcionalidade de inputs de trabalho e de capital de modo a que a racionalidade, competitividade e viabilidade económica perdure. Posto isto, esta deslocalização trar-nos-á fábricas e operações logísticas mais automatizadas, bem como cadeias de abastecimento até ao consumidor mais conectadas. Esta nova realidade implicará menos factor trabalho, embora obrigue a maior qualificação, enquanto aumenta a preponderância do factor capital, significando, portanto, maiores níveis de investimento nas unidades produtivas e logísticas», avança Pedro Figueiras, Associate Director do Departamento Industrial & Logistics da Savills Portugal.
Índice de Nearshoring da Savills

O Vietname apresenta o índice mais elevado, beneficiando dos baixos custos de mão de obra e de electricidade, bem como de uma base de produção que já se encontrava em rápido crescimento. Os centros regionais de baixo custo que constituem alternativas à China na região da Ásia Pacífico incluem a Indonésia (3.º lugar) e a Tailândia (7.º lugar), onde os custos da mão de obra são menos de metade dos da China.

Portugal posiciona-se como o 5º país mais atractivo da União Europeia e o mais atractivo da Zona Euro, sendo um factor diferenciador na atracção de Investimento Estrangeiro Directo, não só pela união económica em que nos inserimos, como também pela união monetária a que pertencemos. «São vários os centros de excelência globais em Portugal das mais variadas multinacionais, o que nos distingue globalmente com a criação de alguns clusters industriais que tornam o “Made in Portugal” atractivo, colocando-nos numa posição privilegiada para ser um dos grandes receptores do movimento de nearshoring e consequente vaga de investimento».

Como sublinha Pedro Figueiras, Associate Director do Departamento Industrial & Logistics da Savills Portugal, «todo este movimento impactará necessariamente o panorama do imobiliário no que concerne a Indústria & Logística, com um incremento da procura por área com especificação industrial, o que através do aumento da capacidade produtiva em solo nacional levará a necessidade logística a acompanhar o referido movimento. Se adicionarmos o impacto do e-commerce, a pressão no mercado será ainda maior dadas as baixas taxas de vacancy que se verificam hoje. No que à logística concerne, é importante acrescentar que tanto o movimento do nearshoring como as necessidades decorrentes do crescimento do e-commerce irão aumentar significativamente a importância da localização dos imóveis pelo que, para que a viabilidade das operações impere, irá obrigar a um maior nível de automatização e robotização das operações logísticas».

A nível da Europa, o índice da Savills sugere que os países com maior potencial de nearshoring estão concentrados na Europa de Leste, graças a custos de produção mais baixos e a ligações rodoviárias e ferroviárias directas aos principais mercados de consumo da Europa Ocidental.

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