Investimento imobiliário em Portugal superou os mil milhões de euros até setembro de 2023

Apesar da descida dos preços da energia e de um mercado de trabalho estável, o contexto vivido por toda a Europa nos últimos meses, pautado pelos elevados níveis da inflação, pelo aumento dos custos dos empréstimos, pela redução das medidas de apoio do governo e pela diminuição do consumo privado está a contribuir para as perspetivas económicas mais negativas.
O Real Estate Market Overview, elaborado pela Savills Portugal, apresenta os principais indicadores do mercado imobiliário nacional referentes ao último trimestre.

No 3º trimestre de 2023, o mercado de investimento imobiliário em Portugal atingiu um montante total de 262 milhões de euros, um valor que representa um decréscimo de 46% face ao trimestre anterior.

O investimento total nos primeiros nove meses do ano cifra-se nos 1.021 milhões de euros, indicando um decréscimo de 48% face ao período homólogo de 2022.

Paulo Silva, Head of Country da Savills Portugal, sublinha: “o panorama do investimento em Portugal está alinhado com o restante mercado europeu, com quase todas as geografias a registar quedas neste domínio. O acréscimo dos custos do financiamento e a falta de correção dos preços de venda continuam a estar na base de processos de tomada de decisão mais longos que se refletem numa diminuição natural quer em número de transações quer em volume de investimento, com a concessão de empréstimos para negócios de grande dimensão ou ativos secundários, a ser mais dificultada. A recuperação do mercado será gradual, ao ritmo do ajustamento dos preços de venda e da melhoria do contexto económico.”

 

Indústria & Logística

No mercado industrial e logístico da Grande Lisboa, no volume acumulado dos primeiros nove meses do ano, registou-se um ligeiro decréscimo de 5% face ao mesmo período de 2022 no que respeita ao take-up. No total, 30% do número de operações fechadas até ao final do 3º trimestre no ano disseram respeito a operações acima dos 5.000 m2 destinadas principalmente a operações logísticas.

Nos próximos dois anos, estão previstos mais de 500.000 m2 no pipeline na área da Grande Lisboa. No total, a Savills identificou onze novos projetos, sendo o eixo Azambuja – Vila Franca de Xira responsável por cerca de metade do novo espaço. De salientar que 37% do pipeline já se encontra pré-arrendado ou destinado a owner-occupancy.

Entre os projetos de maior dimensão, destacam-se o projeto Montepino Castanheira do Ribatejo, no eixo Azambuja – Vila Franca de Xira, com 100.000 m2, cuja conclusão está prevista para o terceiro trimestre de 2024 e que tem já uma taxa de ocupação garantida de 100%. Outro projeto de destaque é o Parque Logístico de Benavente, com 90.000 m2 no eixo Montijo – Alcochete, com conclusão prevista para o início de 2024.

O mercado industrial e logístico do Grande Porto registou uma absorção total ligeiramente acima dos 80.000 m2 no final dos primeiros nove meses do ano, atingindo o melhor resultado dos últimos 5 anos. De notar que, face ao período homólogo de 2022, se registou um aumento de 61%. No total, foram encerradas oito operações, principalmente centradas no setor logístico. A Olicargo, a Garland e a Imobiliária Manaldi foram as principais responsáveis por estes grandes negócios.

Para esta região, o pipeline entre 2023-2024 soma um total de 130.000 m2, distribuídos por três projetos, sendo que 42% deste número já se encontra pré-comercializado, o que demonstra o nível de dinamismo e procura deste mercado. Destaca-se o projeto Panattoni Park Valongo com 75.000 m2 que deverá estar concluído no 2º trimestre de 2024.

Pedro Figueiras, Head of I&L da Savills Portugal, afirma: “A estagnação do volume de absorção evidencia a necessidade disponibilidade de espaço. Com o aproximar da conclusão dos projetos em pipeline é esperada uma nova vaga de ocupações nos próximos meses. Os processos de comercialização decorrem a bom ritmo com várias manifestações de interesse em todos os projetos em desenvolvimento, evidenciado assim que o mercado está disponível para absorver naves logísticas mais modernas e eficientes. Por outro lado, o apetite dos investidores em desenvolver logística continua ativo havendo vários processos a decorrer para trazer ao mercado novas plataformas logísticas nos próximos anos.”

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