A Robotização dos Centros Logísticos em Portugal: Uma Necessidade para a Eficiência e Competitividade

Num cenário económico marcado pela imprevisibilidade e pressão constante para redução de custos, os centros logísticos em Portugal enfrentam desafios cada vez mais exigentes para manter a competitividade. Neste contexto, a automação, particularmente a robotização dos processos de transporte interno de produtos e mercadorias, apresenta-se não apenas como uma solução viável, mas como um fator decisivo para a eficiência operacional.

Portugal, devido à sua localização estratégica como porta de entrada da Europa, tem assistido a um crescimento significativo no setor logístico, impulsionado pelo e-commerce e pela internacionalização das empresas nacionais. No entanto, a realidade atual evidencia um panorama de centros logísticos ainda muito dependentes de processos manuais, gerando constrangimentos que afetam a produtividade, aumentam os tempos de operação e inflacionam custos. A robotização surge assim como resposta necessária e urgente.

A integração de robots móveis autónomos (AMR – Autonomous Mobile Robots) na movimentação interna de produtos permite uma melhoria exponencial na eficiência dos processos. Estes sistemas são capazes de operar 24 horas por dia, sem margem de erro e sem quebras de produtividade. Para além disso, proporcionam maior flexibilidade operacional, adaptando-se rapidamente a picos de procura e diferentes layouts logísticos.

A eficiência decorrente da robotização traduz-se diretamente na redução significativa dos custos operacionais. Ao minimizar falhas, diminuir tempos mortos e agilizar o fluxo de materiais, as empresas conseguem uma gestão mais previsível e menos dispendiosa. Estudos apontam que centros logísticos que adotaram estas tecnologias observaram reduções de custos operacionais até 30%, permitindo canalizar recursos financeiros para investimentos estratégicos noutros segmentos do negócio, como a expansão ou inovação.

Contudo, implementar a robotização exige investimento. Muitas empresas portuguesas, particularmente pequenas e médias empresas (PME), hesitam perante o receio do custo inicial poder ser elevado o que cada vez menos se confirma. A realidade atual, marcada pela inflação e pelo aumento dos custos energéticos e laborais, torna este investimento não apenas justificável, mas indispensável para assegurar a sustentabilidade futura.

Adicionalmente, os avanços tecnológicos têm tornado a automação e robotização mais acessíveis, mesmo para empresas de menor dimensão.

Outro ponto a considerar é a conjuntura laboral. Em Portugal, o envelhecimento populacional e a escassez de mão-de-obra especializada em logística são fatores crescentes. A robotização apresenta-se como solução para preencher essa lacuna, permitindo simultaneamente que o capital humano disponível seja alocado para tarefas mais estratégicas, analíticas e de supervisão, promovendo um ambiente laboral mais qualificado e motivador.

Neste sentido, é fundamental que as empresas portuguesas encarem a automação não como uma ameaça ao emprego, mas como uma oportunidade de transformação do mercado de trabalho, onde as competências humanas e a eficiência tecnológica se complementam de forma estratégica.

Finalmente, para acelerar esta transformação, é crucial um apoio claro por parte do Estado português através de incentivos fiscais e programas de financiamento que facilitem e estimulem a adoção destas tecnologias. Portugal deve encarar esta transição como uma prioridade estratégica para aumentar a sua competitividade no panorama europeu e global. Programas de incentivo vindos da Europa, como o PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) também estão a ajudar nesta transição.

Em suma, a robotização dos processos logísticos em Portugal é hoje uma necessidade imperativa. Ao adotar estas tecnologias, as empresas portuguesas estarão a preparar-se melhor para enfrentar os desafios atuais, maximizando eficiência, reduzindo custos operacionais e fortalecendo o seu posicionamento competitivo num mercado cada vez mais exigente e globalizado.

 

Miguel Lachat, MOVE Business Line, da BOWE Group Iberia

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