Sector imobiliário: Indústria e logística mostram maior resiliência

A actividade de ocupação na indústria e logística reflectiu a «maior resiliência do sector», com o primeiro semestre de 2020 a registar um aumento da procura, com 94.800 m² transaccionados, 33% acima do período homólogo do ano anterior, avança o relatório do sector imobiliário Marketbeat Portugal Outono 2020, apresentado esta semana pela Cushman Wakefield.

Com perto de 20 negócios, a área média por operação aumentou para os 5.600 m², para o qual contribuíram alguns negócios de dimensão relevante, entre os quais as ocupações próprias pela Hotelar dos 22.000 m² da renovada Fábrica de Fiação e Tecidos do Rio Vizela (Santo Tirso) e pela Hovione dos 11.400 m² do seu novo edifício em Loures.

O aumento do comércio online tem conduzido ao aumento da procura de espaços adaptados a este modelo de negócio, particularmente para ocupação de espaços logísticos nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e de plataformas de distribuição de last mile nos centros urbanos destas cidades, «estando inclusive a atrair novos intervenientes no mercado». Complementarmente, e acompanhando a tendência de outros países, a oferta de unidades de armazenamento (self storage) também se encontra em crescimento.

Relativamente a projectos futuros, o relatório diz que o segmento da distribuição alimentar irá continuar activo, estando previsto para breve a abertura do novo entreposto do Lidl no Parque Industrial de Santo Tirso com 48.000 m² e para dentro de dois anos a conclusão da construção da plataforma logística da ALDI em Alhos Vedros (Moita), numa área de 80.000 m². Em termos de promoção especulativa, a actual escassez de oferta de espaços de qualidade será colmatada com a entrada no mercado de novos projectos, entre os quais se destacam a Plataforma Logística Lisboa Norte da Merlin Properties na Castanheira do Ribatejo, com uma área total de 225.000 m² e cujo primeiro armazém com 45.000 m² se encontra em construção, com conclusão prevista para 2021, e o projeto logístico da Aquila Capital na Azambuja, com 115.000 m².

«Adicionalmente, dadas as boas ligações rodoviárias a Espanha, zonas como Benavente e Montijo começam a ser consideradas pelos grandes ocupantes. Por seu lado, o sector industrial tem também atraído grandes investidores. Entre estes encontram-se a farmacêutica Hovione, que adquiriu um terreno com 40 hectares na Baía do Tejo (Seixal) para expandir a sua actividade; a Generis Farmacêutica, que irá desenvolver um lote de 8,8 hectares em Rio Maior, numa primeira fase com uma unidade de embalamento de medicamentos; e a fabricante de estruturas Stelia Aerospace (grupo Airbus), que irá instalar em Santo Tirso uma unidade com 72.000 m²». A promotora belga VGP irá também construir o primeiro parque industrial e logístico no país, o VGP Park Santa Maria da Feira, com 30.500 m² adequados aos serviços de logística, armazenagem, actividade comercial e indústria ligeira. Neste enquadramento e segundo o Marketbeat Portugal Outono 2020, as rendas de mercado prime para espaços de logística mantiveram-se estáveis, com a Zona 1 de Lisboa (Alverca – Azambuja) nos €4,00/ m²/mês e do Porto (Maia – Via Norte) nos €3,85/m²/mês.

Written by