Resposta ao surto do Coronavírus

Ninguém previu que o surto do coronavírus na China pudesse trazer consequências tão graves para a economia mundial, mas a evolução do mesmo e as preocupações da Organização Mundial de Saúde, e os impactos que já começou a ter em muitas supply Chains e nas Bolsas, mostram que embora muitas empresas tenham tomado medidas para enfrentar crises e criado planos de contingência, estes eram para enfrentar terramotos, incertezas políticas, ou mesmo greves de grande dimensão.

A verdade é que neste momento há sérias dúvidas se alguém estava preparado para um surto que se pode transformar numa pandemia. As suas consequências podem ter impactos duradouros e obrigar mesmo a repensar o papel da China na economia mundial.

Um inquérito online feito pelo MIT Center for Transportation & Logistics, realizado no final de Janeiro e com centenas de inquiridos, mostra que a maioria das empresas está à espera para ver o que acontece com a crise do coronavírus nesta fase inicial, embora muitas comecem já a mapear estratégias para lidar com a crise.

O inquérito recebeu respostas de 379 empresas, sendo que a maioria das respostas (39%) são de empresas grandes (facturação de mil milhões – 100 mil milhões).

Foi perguntado às empresas como estavam a reagir ao surgimento do coronavírus em Wuhan na China. 61% dos inquiridos nos sectores da distribuição e retalho disseram estar a acompanhar a situação e a planear uma estratégia. No sector industrial um número menor de empresas, 41 % disseram estar a fazer o mesmo, enquanto 42% afirmaram estar a restringir as viagens para a China, o que só aconteceu com 19% e 30% de distribuidores e retalhistas.

Há, no entanto, menos ênfase em, por exemplo, consultar os parceiros na China ou fazer outros planos alternativos com apenas 18% de distribuidores e indústrias a optarem por esta via, que no caso dos retalhistas apenas está a ser seguida por 9%.

As respostas mostram que havia um consenso alargado entre os inquiridos de que os efeitos nos canais de acesso aos mercados, na produção interna/distribuição, o impacto nos fornecedores de primeiro e segundo nível e mesmo de níveis inferiores, seria de zero, impacto muito pequeno ou na pior das hipoteses moderado. A única excepção é o impacto nas pessoas, em que 19% dos inquiridos consideram que será grande.
Muitas linhas aéreas reduziram os seus voos para a China. A United, American e a Delta, reduziram para cerca de metade os voos, enquanto a British Airways concelou todos os voos para a China. No caso das companhias que usavam aviões de tamanho grande (widebody), os voos tinham “apenas” uma dúzia de passageiros o que tornava os mesmo economicamente inviáveis.

Consequências do coronavírus na Europa e EUA
Nos EUA, há uma preocupação com o alastrar do vírus que pode causar problemas sérios nas supply chains levando à escassez de certos produtos. Por exemplo, embora muitos produtos críticos farmacêuticos sejam assemblados ou acabados nos EUA ou na Europa, a China é o maior produtor mundial de ingredientes farmacêuticos activos.

Alguns dos fornecedores Chineses da Apple poderão ter de manter as fábricas fechadas mais tempo do que o previsto; a Starbucks fechou metade das suas lojas na China; a McDonalds e a KFC também anunciaram irem encerrar lojas; a Google encerrou os escritórios na China; e apenas o secretário doo comércio norte-americano Wilber Ross, achou que poderia haver uma luz ao fim do túnel, pois o alastrar do vírus poderia trazer empregos de volta aos EUA.
É ainda cedo para se poderem tirar conclusões sobre o impacto do coronavírus nas supply chains. No entanto, o estudo indica que as empresas estão atentas e preocupadas como deveriam.
Desde o momento em que os resultados do estudo foram divulgados a situação piorou consideravelmente. Neste momento, segundo a Organização Mundial de Saúdo (dados de 28-02-2020 à 06H00), havia 83.310 casos a nível mundial, espalhados por 50 países e 2.858 mortes.
Por país os números são os seguintes:
China :78 959; Republic of Korea :2 022; International conveyance (Diamond Princess) :705; Italy :647: Iran (Islamic Republic of) :245; Japan :210; Singapore :96; United States of America :59; Kuwait :43; Thailand :40; Bahrain :33; Germany :26; Spain :25; Malaysia :24; Australia :23; United Arab Emirates :19; France :18; United Kingdom :16; Viet Nam :16; Canada :11; Iraq :7; Sweden :7; Oman :6; Switzerland :6; Austria :4; Norway :4; Croatia :3; Greece :3; India :3; Israel :3; Philippines :3; Finland :2; Lebanon :2; Pakistan :2; Russian Federation :2; Afghanistan :1; Algeria :1; Belgium :1; Brazil :1; Cambodia :1; Denmark :1; Egypt :1; Estonia :1; Georgia :1; Nepal :1; North Macedonia :1; Romania :1; Sri Lanka :1; Lithuania :1; Netherlands :1; Nigeria :1

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