O que procuram afinal os nossos jovens?!

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liaoliveiraO que procuram afinal os nossos jovens?!

Lia Oliveira, ESCE do IPVC, Coordenadora da Licenciatura em Gestão da Distribuição e Logística, do Mestrado em Logística, do CET em Logística

Há já muito tempo que somos sistematicamente confrontados nos meios de comunicação social com o estado atual do nosso país. Desde o défice, às dívidas a mercados externos com grande ênfase nas fortes dificuldades de empregabilidade no nosso país.

Assistimos a reportagens que retratam os nossos jovens em grupo num aeroporto a emigrar porque o canudo que possuem, em Portugal já não é sinónimo de emprego e muito menos de um bom ordenado. Mas parece que esta realidade é alheia a muitos dos nossos jovens. Pelo menos esta é a conclusão que retiro ao analisar os resultados do concurso nacional ao ensino superior.

Quantas greves e manifestações assistimos contra o desemprego, a precariedade e a necessidade de emigrar?! E “quem” costuma estar na linha da frente?!

Duas profissões surgem me na ideia de imediato, professores e enfermeiros. Estranho é reparar que com tantas evidências de que se vivem dias negros nestas áreas, os nossos jovens quase esgotaram as vagas que existem para estes cursos (são apenas dois exemplos mais sonantes). Numa análise mais inquietante surgem cursos que por mais que me esforce não entendo qual a sua utilidade, mas que conseguiram praticamente ocupar todas as suas vagas.

Depois olhamos para o prato da balança onde pesam os cursos com empregabilidade e surpresa, uns ficaram totalmente vazios, outros tiveram a atenção de meia dúzia de jovens. Mas em comum, a grande maioria tem um aspeto, a Matemática. Será então a Matemática responsável pelo desemprego?! Andamos a protestar contra políticas e políticos e tudo não passa de uma alergia que os nossos jovens desenvolveram contra os números?

Analisando por outra perspetiva também vemos casos que o foco não é o curso mas a localização da instituição de ensino. No auge dos 18 anos a escolha mais acertada parece ser ir viver para grandes centros urbanos como Porto, Coimbra e Lisboa. Afinal o percurso académico noturno na Guarda é muito menos interessante do que em Coimbra, independentemente do curso?! No entanto, tenho de ser realista e ter em consideração que nesta mesma situação de escolhas também se deverão encontrar casos em que as acessibilidades (autoestradas, redes de transportes públicos) pesam na decisão dos alunos que terão de abandonar a sua casa e deslocar-se semanalmente ou mesmo diariamente.

Mas afinal como se escolhe um curso superior? Como se decide o que se quer fazer para o resto da vida? Estou certa que muitos jovens dedicam muitos dos seus pensamentos a esta decisão mas penso que para muitos deles é cedo para decidir, possuem uma forte imaturidade profissional. O que não sei é se tal se deve à educação que damos aos nossos filhos ou a lacunas na formação e orientação nas escolas.

Atualmente a ESCE-IPVC (Escola Superior de Ciência Empresarias do Instituto Politécnico de Viana do Castelo) possui uma Licenciatura em Gestão da Distribuição e Logística que ficou literalmente “a ver navios”. Os nossos jovens nem para ele olharam e desemprego não é um problema para os detentores deste canudo. O problema é existirem profissionais qualificados para trabalhar nas dezenas de empresas que contactam a instituição a pedir os seus currículos. Um logístico pode trabalhar em qualquer sector, nos mais variados tipos de empresas e desempenhar diferentes tipos de funções mas isso infelizmente é um facto muito desconhecido. Esta licenciatura é maioritariamente procurada por jovens trabalhadores que no decorrer do seu percurso “tropeçaram” na

Logística e viram todo o potencial que esta área possui.

Agora questiono me “Serão os nossos jovens desinformados, novos de mais para decidirem o seu futuro ou apenas alérgicos à Matemática?”.

Lia Oliveira, ESCE do IPVC, Coordenadora da Licenciatura em Gestão da Distribuição e Logística, do Mestrado em Logística, do CET em Logística

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