Grupo Correos e o Grupo Rangel apresentam a Correos Express Portugal em Lisboa

O Grupo Correos e o Grupo Rangel escolheram Lisboa para apresentar a Correos Express Portugal, uma empresa de entrega expresso de encomendas, que nasce da aliança entre a subsidiária do Grupo Correos, a Correos Express, e a subsidiária do Grupo Rangel, a Rangel Expresso.
Trata-se da primeira operação internacional da história do Grupo espanhol. A criação da Correos Express Portugal permitirá oferecer, pela primeira vez, um serviço integrado de entregas expresso de encomendas 24 horas em toda a Península Ibérica, através da criacção de uma rede de entrega única, ágil e eficiente, favorecida pela ampla capilaridade e pela configuração de um canal de vendas único.
A Correos Express Portugal nasce após a aquisição de 51% da empresa portuguesa Rangel Expresso – pertencente ao Grupo Rangel – pela Correos Express, subsidiária da entrega de encomendas expresso do Grupo Correos. O montante da operação ascende a 11 milhões de euros, permanecendo os restantes 49% na posse do Grupo Rangel.
A organização da Correos Express Portugal será integrada na Correos Express, como filial neste país, e colocará todos os seus recursos à disposição da rede de delegações próprias da filial espanhola.
A Correos Express Portugal , vai ter 160 colaboradores e disporá das 12 instalações que a Rangel Expresso tem em Portugal, a que se juntarão as 55 da Correos Express em Espanha.
A Logística Moderna, aproveitou a oportunidade para uma breve conversa com Juan Manuel Serrana, Presidente da Correos Espanha e Nuno Rangel, CEO do Grupo Rangel.

 

Correos
É a primeira vez que os Correos se expandem para fora de Espanha, o que significa, uma operação única ou é para continuar?

É o primeiro passo, mas não é o único. Portugal é um passo natural porque os nossos clientes estão a exigir que o mercado Ibérico seja tratado como um espaço único, partindo daqui a nossa intenção é continuar a internacionalização. Mas começamos por Portugal pois era o que queriam os nossos clientes, há grandes sinergias a serem exploradas, não faz sentido que fossem tratados como mercados diferenciados, tem de ser tratado como diferentes.

As encomendas começam a ser cada vez mais importantes nas operações dos operadores postais, essa a razão para que a ligação seja com uma empresa que está preparada para processar encomendas?

O comércio electrónico está a mudar tudo, as compras via net estão a mudar. A evolução do comércio electrónico em Espanha é tão grande que faz-nos pensar que em Portugal vai acontecer o mesmo e quando acontecer já queremos estar em Portugal. Em Espanha estamos a crescer uma média de 20% ao ano, no segmento de encomendas. Em Portugal não sei qual o ritmo de crescimento , deve estar a começar a crescer e pensamos que num prazo de dois, três não mais de quatro anos, achamos que o salto se vai dar e nessa altura já queremos cá estar.

Porquê a Rangel?

Primeiro porque conhece o mercado. Depois porque é um grupo que não se limita às encomendas tem vários outros negócios. Conhecem o sector e controlavam 6% do negócio das encomendas em Portugal. O que nós vimos é que havia a oportunidade de crescermos juntos. Achamos que até 2023 podemos duplicar esta quota de mercado e sobretudo porque queríamos um sócio, alguém que conhecesse o mercado português. Por isso entrar apenas com 51% porque realmente o que queríamos era uma colaboração onde pudéssemos crescer juntos. E penso que estamos amarrados a crescer juntos, aproveitar as sinergias de conhecimento que temos um do outro. O que queríamos era um sócio, não apenas chegar e passar a dirigir a empresa.

Vai haver investimentos na operação em Portugal, para que a quota ultrapasse os 6%?

Há um plano de negócios acordado. Este tem como horizonte 2023, em princípio nos próximos 3 anos vão ser investidos à volta de 4 milhões de euros, principalmente em tecnologia. Queremos mecanizar os processos para atingir o nível de qualidade que os clientes estão a exigir. Em Espanha estamos a aproximar-nos do 100%, já ultrapassamos a fasquia dos 98%. O que queremos é fazer em Portugal o mesmo que fizemos em Espanha, para termos clientes satisfeitos.

Como vê a vossa operação conjunta com a Rangel em Portugal, face aos grandes players do Mercado. CTT Expresso, DHL Parcel, Chronopost?

Em Espanha só estamos no negócio das encomendas expresso há quatro anos, em quatro anos conseguimos uma quota de mercado de 44% de todas as encomendas que são geradas por compras via internet. Se o conseguimos em Espanha porque não em Portugal. Neste momento somos o maior operador de encomendas em Espanha, depois de nós vem a Seur (grupo Chronopost).

 

Rangel Expresso

O que significa para a Rangel a entrada dos Correos na vossa operação expresso?

O mercado extremamente competitivo, com grandes players, sejam internacionais e nacionais e para nós que estávamos no mercado e éramos uma empresa importante, mas competindo com ferramentas diferentes e outros tipos de investimentos. Com a entrada dos Correos, vamos poder passar a competir de outra forma. Vamos ter acesso a know how, a tecnologia a outros tipos de investimento. Por outro lado, hoje achamos que o mercado do expresso é Ibérico, que tem Madrid como ponto central. Há muitas empresas grandes, com negócios cross border e os clientes escolhem empresas fortes e algumas regiões, e enviam as suas encomendas para que essas empresas possam fazer a última milha. E obviamente quando pensam em Espanha pensam em Portugal. Quando um grande grupo asiático vem a Madrid negociar entrega de encomendas em Espanha negoceia também para Portugal. Assim sabemos que vamos passar a receber muitas encomendas vindas de Espanha. Por outro lado, os portugueses também fazem muitas compras on-line vindas de fora e muitas delas de Espanha e isto abre muitas oportunidades.

A Rangel vai continuar ligada a esta parceria? A ideia não é fazer um fase out lentamente?

Não. Para nós foi muito importante a abordagem que os Correos nos fizeram. Nós sempre soubemos que sendo a maior empresa privada do sector, há sempre o atractivo de empresas grandes e multinacionais nos poderem abordar. Quando nos abordaram foram sempre claros que queriam um sócio, não disseram queremos comprar a quota de mercado, queremos 100%. O que seria um negócio financeiro puro e duro. Mas isto não é um negócio financeiro somente é um negócio de estratégia. Nós vimos que termos 49% do futuro que os Correos vão ter em Portugal, é muito mais interessante para nós porque vamos ter uma empresa muito maior do que ficarmos sozinhos em Portugal.

Sendo uma aposta a longo prazo, estão previstos investimentos?

Temos um plano estratégico e de investimento a cinco anos. Sendo que no início, os primeiros três anos vão ser os anos mais fortes. Nos próximos anos vamos investir cerca de 4 milhões de euros, essencialmente em equipamentos automáticos de triagem de medição e peso de encomendas, tecnologia, software de planeamento de rotas, soluções business to consumer, ou seja o foco vai ser a tecnologia.

Na parte da distribuição, número de pessoas, carros, por agora como ficamos?

Isso não muda de imediato. O que acontece com estes investimento a entrar, com a dinâmica, com o aumento dos volumes que vão começar a crescer de Espanha para Portugal. Os Correos vão pôr a sua rede comercial a vender activamente Portugal. Acreditamos que o volume vai crescer, pensamos em cinco anos chegar a um negócio de 60 milhões de facturação, quando este ano temos um objectivo de 26 milhões. Ou seja um crescimento a cinco anos de duas vezes e meia o valor deste ano. No fundo o processo normal é com o crescimento vamos levantando as infra estruturas que forem necessárias.

Os investimentos que vão ser feitos estão ligados à tendência para se evoluir de documentos para embalagens?

Não exactamente. Temos uma certa dimensão e necessitávamos desses equipamentos. Com o crescimento vamos mesmo necessitar desses equipamentos. Por outro lado os Correos têm dezenas destes equipamentos têm uma experiência de anos. O que para nós facilita, pois vem uma equipa de Espanha e monta tudo. Para nós começando do zero, tínhamos de fazer o procurement, encontrar a melhor solução, quanto é que iria custar. O poder de negociação também seria certamente diferente. Muitos destes investimentos se estivéssemos sozinhos poderíamos fazê-los mas provavelmente teria um timming mais demorado.

Como vai ficar a marca?

Foi decidido que vai ficar Correos Express Portugal.

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