Desafios: Magrebe

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Desafios: Magrebe

Sérgio Nunes, responsable développement Maghreb, Garland Trânsitos

O desafio do Magrebe começou em 2003, na então Graveleau (hoje Dachser), como operacional, tendo assumido quatro anos mais tarde, a gestão operacional e comercial do departamento.

Em 2014 trabalhei na Rangel, exercendo as mesmas funções. Neste momento, estou com o cargo de responsável pelo desenvolvimento do Magrebe, na Garland, onde iniciei com dois mercados específicos, Tunísia e Marrocos. Dois países em termos culturais e de costumes distintos da Europa mas, ainda assim, com muitas semelhanças.

Presentemente, estou 100% dedicado a Marrocos. Há saídas semanais em grupagem e em camião completo com transit-time de 48h desde as nossas plataformas do Porto, Aveiro, Marinha Grande e Lisboa até qualquer ponto de Marrocos, onde trabalhamos com a Sonatrans, um dos principais operadores logísticos, aduaneiros e de distribuição do país.

Marrocos é um país com predominância de duas categorias sociais: os pobres e os muito ricos; a classe média em crescendo, mas a um ritmo muito lento, o que não confere a estabilidade de que o país necessita.

Em termos de estruturas ferroviárias está em construção um troço de TGV entre Tanger e Casablanca, que descerá nos próximos anos até Agadir. Em termos rodoviários nota-se a evolução das estradas com a construção de várias auto-estradas, viadutos e túneis nas maiores cidades. A agricultura, pesca e confecção têxtil são algumas das riquezas do país. A indústria situa-se no “triângulo TANGER-CASABLANCA-MEKNES “ e o sector agroalimentar tem como principal zona Agadir.

É um país onde o contacto pessoal com os clientes é muito importante para a evolução dos negócios, como costumo dizer, é um negócio de pessoas e não de preços.

O maior obstáculo que os exportadores portugueses enfrentam prende-se com a parte documental do processo que lhes levanta alguma dúvidas, daí a importância da existência de um profissional que perceba o país, as leis e a forma de trabalhar e estar dos marroquinos. Minimiza-se, assim, a dificuldade de exportação para um país como Marrocos.

Neste momento e, devido à concorrência na Europa e à proximidade geográfica, muitos transportadores/transitários começam a investir e a lançar-se neste mercado, como é o caso da Garland, que abriu um escritório em Casablanca.

Penso que Marrocos é o futuro para os próximos 10 anos, havendo, no entanto, outros países (como o Senegal e a Mauritânia) cuja presença já se faz sentir e que começam a alimentar o mercado Europeu por camião.

Em termos de logística há ainda muito a fazer. Não existe uma logística profissionalizada, funcionando muito numa base do “desenrascar”, assim como o conceito de distribuição porta-a-porta. Este é um bom ponto de investimento para os operadores portugueses.

Após muitas viagens de negócios a Marrocos, tenho um portfolio de histórias interessantes e caricatas. Numa dessas viagens e a caminho de um cliente, vi um senhor ajoelhado no centro de uma rotunda com uma caneta e bloco de papel na mão, e perguntei ao meu colega marroquino o que se passava. A resposta surpreendeu: “É o responsável da rotunda a contar as flores, verificando se está tudo como ontem.” “ Na primeira vez que visitei o país na auto-estrada que liga Tanger a Casablanca fui multado 11 vezes !!!!”

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