Customização sem armazenamento

Customização sem armazenamento: a fábrica da Siemens em Corroios trabalha encomenda a encomenda e isso reflecte-se em todos os aspectos da sua cadeia de valor. Incluindo na compra de matérias-primas. Foi o que explicou Fernando Silva, Director da Divisão de Energy Managment do gigante alemão, em entrevista à Logística Moderna.

Logística Moderna: Hoje assinala-se o reforço da capacidade produtiva da fábrica da Siemens de Corroios. Em que se baseia esse reforço, na ampliação das instalações, no aumento da mão-de-obra ou na aquisição de novos equipamentos produtivos?
Fernando Silva: Este reforço tem duas ou três vertentes. A primeira é a do aumento da mão-de-obra: Hoje já estamos com 154 colaboradores e o objectivo é atingir os 200 até final do ano. Depois há algumas questões que têm a ver com a logística, tanto no que toca a fornecimentos como à expedição, que também vão ter investimentos para uma maior automação e maior eficiência dos processos. E, por fim, uma terceira componente, que é nos ensaios finais dos produtos. Vamos instalar um sistema semi-automático de ensaios para permitir uma maior capacidade de entrega de quadros eléctricos.

LM: Falou na automação, um dos objectivos declarados da Siemens. Em que é que se traduzem os esforços pela automação nesta infra-estrutura? Até onde já se avançou nas áreas da automação e da digitalização do vosso trabalho aqui?
Aqui, uma vez que nós fazemos pequenas séries de quadros eléctricos muito customizados, há componentes de automatização que já estão implementadas, como é o caso das máquinas de pré-fabricação e da nova máquina de tratamento e formatação do cobre, que foi adquirida recentemente para reforçar a capacidade. Por isso, é mais ao nível da pré-fabricação que podemos implementar a automação nesta estrutura. Depois, há uma mais-valia que oferecemos aos nossos clientes, que é a capacidade destes quadros de serem automatizados, de serem controlados de forma totalmente automática, de serem interligados a sistemas de controlo dos edifícios e das infra-estruturas e, daí, permitirem (do ponto de vista do cliente final) uma maior eficiência das instalações, operacionalidade, manutenção remota de instalações.

LM: Também se falou muito aqui hoje de uma prioridade da Siemens, principalmente desta unidade, que é a exportação. Em termos de logística — a produção, aqui, é armazenada, ou segue imediatamente para exportação?
Do ponto de vista de produção, como disse, estes quadros são produzidos para determinado cliente, para determinada encomenda, normalmente o processo de engenharia, pré-fabricação, fabricação, ensaios e expedição é um processo contínuo, portanto nós não fazemos armazenamento de quadros finalizados porque eles têm um destino, têm um cliente para os quais vão ser enviados.

LM: Só produzem aquilo que está encomendado.
Exactamente. Mesmo a aquisição, a nossa parte de procurement, é também feita especificamente para cada quadro.

LM: Isso não afecta as vossas margens? É que uma unidade fabril, quando faz encomendas maiores, em geral consegue preços mais competitivos.
A Siemens tem outras fábricas que se destinam à produção ‘em massa’, digamos assim, onde a automação e o trabalho de forma eficiente e em grande escala são o objectivo máximo. Aqui em Corroios o objectivo é integrar engenharia customizando o produto, adaptando-o e depois fazendo toda a cadeia de valor até à colocação em serviço no cliente. Porquê? Porque se destinam essencialmente a infra-estruturas críticas — data centres, indústrias como o petróleo… onde a exigência técnica de fiabilidade e qualidade é muito elevada. É, por isso, que esta cadeia é feita encomenda a encomenda, produto a produto, até porque os próprios clientes têm especificações totalmente diferentes.

LM: De que forma é feita a expedição do produto?
Uma boa parte da expedição do produto é feita por via rodoviária, nomeadamente quando se destinam ao espaço europeu. Quando se destinam a mercados africanos, americanos ou outros, normalmente é por via marítima, através dos portos portugueses, ou de alguns portos espanhóis, dependendo das regiões de destino. Mas é uma área em que não temos sentido problemas.

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