Black Friday pós pandemia e a Supply Chain

As supply chains um pouco por todo o mundo, continuam com problemas, falta de matérias primas, aumento do preço da energia, falta de componentes, falta de motoristas, falta de espaço para a carga aérea, falta de navios e contentores marítimos… A lista de problemas é longa.

Um estudo de consumidor elaborado nos EUA divulgado esta semana sugere que a Black Friday deste ano terá maior adesão do que o ano passado pelo facto de em 2020 o evento ter sido realizado numa fase de quarentena, mas este ano muitos dos consumidores já terão completado as suas compras de Natal até ao Dia de Acção de Graças.

Um quinto dos consumidores dos EUA já começou a fazer compras para a quadra Natalícia, em parte devido a receios de escassez de última hora na cadeia de abastecimento, segundo um estudo da empresa de dados de marketing, Premise. Este estudo realizado a 1.960 consumidores entre 5 de Outubro e 1 de Novembro revelou que 19% dos consumidores planearam começar as suas compras de Natal com dois meses de antecedência, 11% tinham feito compras com três meses de antecedência e 21% planearam fazer compras um mês antes.

Em 2020, 16% tinham feito compras com dois meses de antecedência, 10% com três meses de antecedência e 19% com um mês de antecedência, afirmou a Premise.

“No ano passado, os retalhistas criaram uma época de compras mais longa, apostando mais nas vendas online devido à pandemia. Este ano, os EUA estão a ficar sem stock em quase tudo, e mesmo quando as mercadorias entram, não há condutores suficientes para as levar aos seus destinos”, afirmou David Bischof, chefe de operações da Premise.

Já numa análise de 20 tendências para Black Friday, publicada segunda-feira, Blake Morgan, colaborador sénior da Forbes, previu que a procura acumulada levará mais consumidores às lojas do que no ano passado à medida que as compras feitas pessoalmente e online disparem.

“Quase todas as compras da Black Friday em 2020 tiveram lugar online, mas este ano os consumidores estão ansiosos por voltar às lojas para comprar artigos. As lojas que oferecerem ofertas exclusivas na loja ou experiências únicas atrairão clientes”, afirmou Blake Morgan.

A compradora de um retalhista dos EUA, ofereceu como conselho aos consumidores da quadra Natalícia: “Os atrasos são inevitáveis, especialmente quando se depende inteiramente do comércio electrónico nesta época festiva. Compre agora e compre na loja quando puder para mitigar o risco de ser vítima de atrasos ou cancelamentos”.

 

Reino Unido também com problemas

 

A escassez na cadeia de abastecimento ocorre devido ao aumento do tamanho das cadeias de abastecimento verdadeiramente globais (a nível mundial) nos últimos 40 anos. O aumento do comércio global ocorreu principalmente devido ao facto das economias emergentes terem custos laborais que são por vezes uma fracção dos custos semelhantes no mundo ocidental. Nos últimos dois anos a estes problemas foram acrescentados o problema da pandemia e do Brexit.

Para se perceber os problemas que a Black Friday causa na supply chain de uma empresa de retalho, um director de supply chain de uma dos maiores retalhistas do Reino Unido (high street e online), estimou que as vendas na Black Friday são seis vezes superiores às de uma sexta-feira normal e que este ano os produtos estão a entrar nos armazéns, embora alguns o estivessem a fazer de forma mais lenta do que outros.

Com a pandemia os fornecedores, por exemplo na China, decidiram que precisavam de procurar novos clientes (visto que nem todos os países estavam fechados ao mesmo tempo) e, por conseguinte, tem agora falta de oferta. Um bom exemplo disto são os fabricantes de semicondutores/ chips electrónicos que passaram a fornecer outras indústrias e agora o sector automóvel do Reino Unido está a ser fortemente penalizados pela falta de oferta.

Por todas estas razões é muito possível que venham a ocorrer falhas no período natalício. A situação está a melhorar com mais recursos (pessoas e inventário) a serem acrescentados, mas a resolução total destas questões só terá impacto pleno no início do próximo ano.

Uma das consequências desta situação é que já é evidente que os retalhistas estão a cobrar um prémio pelos bens e isto terá obviamente um efeito de arrastamento afectando o preço dos produtos na Black Friday. É um caso simples de oferta e procura (ver preços actuais da gasolina).

“A situação é mais crítica em produtos cujas cadeias de abastecimento são mais longas, no caso de artigos que percorrem longas distâncias (de origem internacional), quanto mais longa for a cadeia de abastecimento, maior será a probabilidade de prazos e custos de entrega serem mais longos.»

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