Beko Portugal agiliza operações em Portugal

A marca de electrodomésticos Beko abriu uma filial em Portugal, com serviços centralizados e centro logístico dedicado. Conta com uma equipa local de serviços comerciais, de atendimento, de assistência técnica, financeiros e de cadeia de abastecimento, representando um investimento de 2,5 milhões de euros.
A Beko, empresa na área de electrodomésticos e soluções inteligentes para o lar do Grupo Arçelik, acaba de reforçar a sua presença no mercado português com a abertura de uma filial com sede em Lisboa. A empresa conta agora com uma estrutura e equipa «capaz de responder de forma mais abrangente aos desafios e necessidades locais», criando as condições para consolidar a sua presença no mercado português e «estar no Top 3 do sector em Portugal».
O Grupo Arçelik é um fabricante à escala global de bens de consumo duráveis e de electrónica de consumo, com 22 fábricas em oito países (Turquia, Roménia, Rússia, África do Sul, Tailândia, Paquistão, Índia e Bangladesh). Conta com mais de 30.000 trabalhadores e oferece bens e serviços em mais de 150 países. Gere ainda 12 marcas a nível global, Arçelik, Beko, Grundig, Defy, Arctic, Dawlance, Flavel, Altus, Blomberg, Elektrabregenz, Leisure, Voltas Beko.
Como segundo maior fabricante europeu de produtos de linha branca, por quota de mercado (calculado em volume), a Arçelik obteve um volume de negócios de cinco mil milhões de euros em 2019. Destes, 70% provêem de mercados internacionais. A Arçelik foi considerada um “líder industrial” na categoria de bens para a casa duráveis pelo segundo ano consecutivo no Sustainability Index 2020 da Dow Jones e de acordo com PAS 2060 Carbon Neutrality Standard atingiu a neutralidade carbónica nas suas operações globais de produção nos anos fiscais de 2019 e 2020 com os seus próprios créditos de carbono.

 

Inovação e consumidor
no centro das operações

A marca de electrodomésticos Beko que desenvolve a sua actividade em mais de 130 países estruturou a sua oferta à volta do conceito de oferecer «produtos e serviços perfeitos» aos consumidores, pelo que coloca o consumidor e a inovação no foco de todas as suas operações. A Beko é a marca «líder em electrodomésticos não encastráveis na Europa de Leste, Reino Unido e Polónia, tendo como missão garantir uma vida saudável para as novas gerações», adianta Cem Başaral, General Manager da Beko Portugal.
Em Portugal, a estratégia vai basear-se em marcas de retalho que permitam à marca ter uma cobertura de 80% do país, garantindo a maior visibilidade aos seus produtos e soluções. Está presente nos maiores retalhistas, como Worten, Rádio Popular, Euronics, Conforama jom.pt e lojas independentes.
Antes de ter uma presença directa em Portugal, o acesso ao mercado português era coordenado a nível ibérico com uma equipa de vendas a gerir as operações de mercado e serviços, suportada por uma equipa localizada na subsidiária espanhola em Barcelona, que trabalhava com uma ligação estreita aos parceiros locais.
Também a supply chain e logística da Beko em Portugal era tratada pela Beko España, através de um 3PL estabelecido em Espanha. Segundo Cem Başaral, «o sistema era complexo, implicava um lead time de 4 dias e um esforço grande de coordenação, especialmente entre os stakeholders da cadeia de abastecimento: clientes, transportador e fornecedor.»
Abrir uma subsidiária em Portugal colocou três desafios principais à supply chain da Beko. «Tal foi feito para estarmos mais próximos dos nossos clientes de forma a aumentar a qualidade do nível de serviço. Em segundo lugar para aumentar a nossa capacidade de fazer entregas e conseguirmos fazer entregas em 24 horas se necessário. Finalmente para diminuirmos o lead time em pelo menos 50% entre o transporte B2B. Os três objectivos já foram conseguidos com as primeiras entregas aos nossos clientes e estes são os objectivos que continuamos a aplicar na gestão das nossas operações no dia a dia», conforme adianta o responsável.
O objectivo da Beko é trabalhar com os principais retalhistas do mercado português e dar-lhes a possibilidade de vender a gama completa de produtos que cobrem todos os electrodomésticos para a casa, «democratizando o acesso a tecnologias sustentáveis, permitindo-lhes usufruir de experiências únicas e de excelência em casa».
Com a abertura de uma nova entidade e equipa locais, a empresa tem como objectivo acelerar o processo de activação da marca Beko e dar maior visibilidade aos seus produtos em todas as lojas portuguesas.

 

90% do transporte
é marítimo e rodoviário

Com a filial em Portugal, o novo armazém resulta de uma parceria entre um operador logístico local e a Beko Portugal, que «reforça o empenho da marca em estabelecer parcerias com fornecedores locais». Para além disso, como refere o responsável «é também uma aposta na criação de emprego e tem como objectivo estabelecer pontes entre culturas diferentes. Trata-se de uma operação realizada em outsourcing, recorrendo a uma estrutura que vai ser partilhada com clientes do nosso parceiro». A estrutura é nova e visa aumentar a capacidade para 14.000 m2.
Conforme explica Cem Başaral, ao tratar-se de um fabricante, parte do stock a armazenar, virá das fábricas localizadas à volta do globo. A operação de abastecimento será realizada em 90% recorrendo ao transporte marítimo e depois por transporte terrestre até ao seu armazém ou directamente ao cliente dependendo do que for pedido. A Beko tem canais de distribuição a partir da Espanha, Roménia, Turquia, China e Tailândia.
No que toca ao transporte internacional e considerando os múltiplos acordos na Europa e Ásia, os parceiros escolhidos dependem do tipo de produtos, país de origem e outras questões que têm de ser analisadas. Contudo, para o mercado nacional «o parceiro escolhido é o mesmo com quem temos o acordo de armazenagem. Trata-se de uma solução completa (all-in).»
A tecnologia é uma peça importante na eficiência das operações. Cem Başaral, explica que: «O nosso parceiro em Portugal tem um sistema de TMS que permite fazer o tracking e ter informação em tempo real em relação à carga. No futuro próximo, vamos trabalhar em projectos que vão passar toda essa informação directamente para o nosso ERP e utilizarmos soluções de Big Data para reduzir a nossa pegada de carbono e aumentar a eficiência, especialmente em processos de digitalização como o DESADV. Estes projectos para além de objectivos muito específicos vão dar-nos mais capacidade, soluções para poupar tempo e custos ao longo da cadeia de abastecimento, o que significa que se vai poder fazer um bom uso da aplicação TMS.»
Já ao nível do armazém, «este é dotado de um sistema de gestão de armazém que está ligado ao nosso ERP via uma aplicação EDI, temos algumas soluções de automação para aumentar a capacidade de recepção (fluxos inbound) e a capacidade de picking (fluxos outbound). No futuro tencionamos em colaboração desenvolver outras soluções.»

 

Aposta numa equipa multidisciplinar

Quanto aos recursos humanos ligados às operações em Portugal, o General Manager diz tratar-se de «uma equipa muito capaz», desenvolvida de acordo com a filosofia “Agile”. «É bastante experiente em matérias de logística e supply chain e é constituída por um mix interessante de profissionais que já conheciam as nuances e desafios do mercado português (clientes, 3PL´s, questões de compliance e normas logísticas legais aplicáveis) e outros que são especialistas em questões específicas e complexidades do circuito inbound (maioritariamente da actividade de importação das fábricas).»

O responsável adianta ainda que: «A segurança dos nossos trabalhadores é a nossa maior prioridade e para atingir os nossos objectives logísticos e de gestão da supply chain na Beko vamos adoptar uma abordagem diferente, conhecida como “Supply Chain Control Tower”. Isto permite controlar a operação de ponta a ponta (da fábrica ao cliente) sem estar presente fisicamente – no armazém ou na fábrica.»

 

Foco na produção
e consumo sustentável

Sobre a questão da sustentabilidade, Cem Başaral é perentório a afirmar que é um factor diferenciador chave e está no centro do modelo de negócio da empresa. «Hoje, quase metade da nossa facturação provém de produtos sustentáveis ou energeticamente eficientes. Focamo-nos numa produção e consumo responsável em conjunto com princípios de economia circular ao longo de toda a nossa cadeia de valor – reduzindo a nossa pegada ecológica através de inovações e melhoramentos que introduzimos na nossa operação.»

Nesse sentido, foram estabelecidos centros de reciclagem, Waste Electrical and Electronic Equipment (WEEE), na Turquia em 2014, para reutilizar produtos como recursos ou para os devolver à natureza. Ao reciclar frigoríficos em Eskişehir e outros produtos de linha branca e pequenos electrodomésticos em Bolu, a Beko minimiza o impacto ambiental dos produtos ao longo do seu ciclo de vida.
O centro em Eskişehir, foi o primeiro na Turquia, em que os gases chlorofluorocarbon (CFC), utilizados nos antigos frigoríficos e prejudiciais à camada de ozono, eram recolhidos num sistema fechado. Materiais tais como plásticos, ferro, cobre e alumínio obtido a partir da reciclagem de WEEEs nos centros de reciclagem são devolvidos à economia com uma política de recursos eficientes. Os WEEEs recolhidos de outras categorias são enviados para centros de reciclagem com autorizações e licenças ambientais.
«Desde 2014, quando os nossos centros iniciaram a sua operação, poupamos um total de 326 GWh de energia, ao impedir que produtos antigos energeticamente pouco eficientes consumissem grandes níveis de energia da rede. Isto equivale à produção anual de energia de 52 aerogeradores com uma potência de 2.5MW. Mais, poupamos 6.5 milhões de toneladas de água ao substituir produtos de tecnologia antiga por produtos amigos do ambiente. Esta quantidade equivale ao consumo diário de água de aproximadamente 8 milhões de lares. Reciclamos aproximadamente 1.3 milhões de unidades WEEE em cada um dos nossos centros de reciclagem de Eskişehir e Bolu desde 2014», explica.
Para além da Turquia, «também cumprimos com as nossas responsabilidades enquanto fabricante com gestão de princípios WEEE noutros países onde operamos de acordo com as regras estabelecidas pelas organizações das quais fazemos parte», garante.

 

Previsto investimento de 50 milhões
em energias renováveis

Cem Başaral explica ainda como foi possível atingir o objectivo de serem carbono neutros: «No âmbito do Financing Project for Energy Efficient Refrigerators na Turquia, recebemos o direito a 305.407 toneladas de redução de emissões de CO2 entre 2013 e 2018. Com este crédito de carbono que obtivemos ao introduzir frigoríficos inovadores com alta eficiência energética no mercado urco, conseguimos mudar o paradigma de “business as usual” para uma nova tecnologia e assim, as nossas instalações a nível global tornaram-se carbono neutras nos anos fiscais de 2019 e 2020.»
O Carbon Financing Project foi iniciado com o apoio da consultora GAIA Carbon Finance em 2013. As 305.407 toneladas de créditos de carbono conseguidas através do Carbon Financing Project, foram auditadas por uma entidade independente a Rino, de acordo com o Verified Carbon Standard.
É objectivo do Grupo fazer um investimento adicional de 50 milhões em energias renováveis e projectos de eficiência energética para consolidar a sua posição de liderança e atingir os seus objectivos de sustentabilidade em 2030.
Depois de ter atingido a neutralidade carbónica nas suas operações globais em 2019 e 2020, os objectivos de emissões do Grupo de GHG foram aprovados pela Science Based Targets Initiative. «Comprometemo-nos a reduzir em 30% as nossas emissões de Scope 1 e Scope 2 – geradas directamente pelas nossas operações fabris – até ao ano 2030 a partir da base do ano de 2018. Comprometemo-nos também a reduzir as emissões de Scope 3 que são geradas na fase dos produtos já vendidos ao utilizador final em 15% dentro do mesmo período. Também anunciamos os nossos objectivos de sustentabilidade para 2030 que têm a sustentabilidade e políticas verdes no centro do nosso esforço operacional. O nosso objectivo é atingir os 100% de energia renovável nas nossas operações globais, ao mesmo tempo que reduzimos o consumo de água, energia e aumentamos os nossos níveis de reciclagem», conclui o responsável.

Artigo editado na edição nº 179 da revista Logística Moderna

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