Armadores divididos em relação à segurança no Mar Vermelho

Algumas das principais companhias de navegação continuam a manter-se afastadas do Mar Vermelho, enquanto outras optaram por regressar na sequência da operação de segurança liderada pelos EUA para salvaguardar a navegação num ponto crítico de acesso ao Mar Vermelho.

A Hapag-Lloyd e a Evergreen Line, decidiram continuar a reencaminhar navios através do Cabo da Boa Esperança, no extremo sul de África, decisão que foi acompanhada pela MSC. “De momento, continuamos a considerar a situação demasiado perigosa para passar”, afirmou um porta-voz da empresa alemã Hapag-Lloyd num comunicado. “Avaliamos continuamente a situação e planeamos uma próxima revisão nesta sexta-feira”.

A Evergreen Line mantém para já a decisão de ter instruído os seus navios porta-contentores para suspenderem a navegação no Mar Vermelho “até nova ordem”. A abordagem das duas empresas difere da de outras empresas de navegação, que retomaram o trânsito no Mar Vermelho / Canal de Suez, apesar dos ataques contínuos a navios comerciais por militantes Houthi.

O armador dinamarquês Maersk declarou no domingo passado que iria retomar o trânsito através do Mar Vermelho e do Golfo de Aden para o sudeste, após o estabelecimento de uma missão naval internacional liderada pelos EUA para proteger a navegação comercial na área.

A Operação Prosperity Guardian permitirá mais uma vez que os navios de transporte marítimo passem pela área, afirmou a Maersk em um comunicado, entendendo que a iniciativa norte-americana é “muito bem-vinda para o setor e bom funcionamento do comércio global”.

A empresa francesa CMA CGM declarou esta terça-feira que alguns dos seus navios transitaram pelo Mar Vermelho nos últimos dias “com base em uma avaliação aprofundada do cenário de segurança”. “Estamos atualmente a elaborar planos para o aumento gradual do número de navios que transitam pelo Canal do Suez”, acrescentou a empresa, referindo-se à estreita via navegável que liga o Mar Vermelho ao Mediterrâneo e que normalmente transporta até 30% do comércio mundial de contentores.

Mas a insegurança persistente na zona ficou patente na terça-feira, quando um navio pertencente ao gigante do transporte marítimo de contentores MSC foi atacado quando navegava entre a Arábia Saudita e o Paquistão.

“A nossa primeira prioridade continua a ser a proteção das vidas e da segurança dos nossos marítimos e, até que a sua segurança possa ser garantida, a MSC continuará a reencaminhar os navios reservados para o trânsito do Suez através do Cabo da Boa Esperança”, afirmou a empresa num comunicado.

Aumento dos custos de transporte marítimo
Os custos de transporte marítimo deverão aumentar, independentemente de as empresas utilizarem o Mar Vermelho ou enviarem navios para a rota mais longa e mais cara através de África.

A Maersk, a CMA CGM e a Hapag-Lloyd anunciaram nos últimos dias novas taxas para o transporte de mercadorias ao longo de muitas das rotas comerciais mais movimentadas do mundo. Os custos de transporte marítimo estão a aumentar depois de os ataques no Mar Vermelho obrigarem os navios a seguir rotas mais longas.

“A situação dinâmica no Mar Vermelho e os ajustamentos operacionais necessários estão a causar perturbações em toda a rede”, afirmou a Hapag-Lloyd num comunicado na sexta-feira, ao revelar uma “Taxa de Receita de Emergência” para a carga que viaja de e para o Mar Vermelho até ao final do mês.

A nova medida acrescentará $1.000 a um contentor comum de 20 pés que viaje para leste através do Canal do Suez, e $1.500 para um que se dirija para oeste através do Golfo de Aden.

A Maersk e a CMA CGM adotaram medidas semelhantes, com algumas taxas a entrarem em vigor apenas a partir de janeiro, o que vem aumentar as preocupações de que a interrupção do transporte marítimo possa repercutir-se no preço dos bens de consumo – se as empresas transferirem os custos de transporte mais elevados para os clientes, à medida que a procura volta a aumentar.

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