Apresentados resultados do projecto H2IntraDrive
12 de Janeiro de 2016
O Grupo BMW, a Linde Material Handling e o Instituto de Movimentação de Materiais, Fluxo de Material e Logística da Universidade Técnica de Munique apresentaram os resultados do seu projecto H2IntraDrive, levado a cabo na unidade fabril do Grupo BMW em Leipzig.
As conclusões mais importantes do estudo de investigação são que o sistema de propulsão de hidrogénio, desenvolvido conjuntamente para equipamentos de movimentação de carga, demonstrou a sua mais-valia na prática, durante quase dois anos, que já é comercializável, e que em certas situações pode ser considerada uma solução económica.
O Ministério Federal Alemão de Transporte e Infraestruturas financiou este estudo com um subsídio de 2,9 milhões de euros, como parte do Programa Nacional Alemão de Inovação de Tecnologia de Hidrogénio e de Células de Combustível.
A médio prazo, considera-se que a utilização da tecnologia de células de combustível e dos motores de hidrogénio, tem muitas possibilidades de substituir as fontes de energia convencionais nos equipamentos de movimentação de cargas.
Esta ideia é confirmada num inquérito independente realizado como parte do projecto de investigação pelo Instituto de Manipulação de Materiais, Fluxo de Material e Logística da Universidade Técnica de Munique durante o verão de 2015.
De acordo com este inquérito, 93% dos 109 especialistas na indústria consultados consideram que o uso do hidrogénio como energia é benéfico. Ao mesmo tempo, 80% acredita que não está suficientemente informado sobre as oportunidades que podem surgir com esta nova tecnologia.
O estudo de investigação apresentado em Leipzig pode ultrapassar esta lacuna de conhecimento. Apoia-se no «Guia para o uso de equipamentos de movimentação de carga, acionados com hidrogénio», que também foi criado como parte do projeto de investigação.
«O facto da tecnologia de hidrogénio ter superado satisfatoriamente este teste de resistência na produção da carroçaria do modelo BMW i e ter alcançado a maturidade para entrar no mercado, é um sinal importante para os nossos clientes», afirmou Christophe Lautray, CSO da Linde Material Handling, durante a apresentação dos resultados aos meios de comunicação, aos clientes e aos sócios comerciais. «Esta inovadora tecnologia de propulsão é uma aposta para o futuro. Além disso, também nos foi possível adquirir importantes conhecimentos para continuar o desenvolvimento dos nossos equipamentos. Consideramo-nos pioneiros na indústria e, com este projecto, reafirmamo-nos uma vez mais na nossa pretensão de ser líderes em tecnologia».
Os resultados da investigação mostram que a célula de combustível obteve resultados convincentes na prática durante um período de quase dois anos. Desde Dezembro de 2013 até finais de Outubro de 2015, os tractores de reboque acumularam 10.000 horas em funcionamento e os empilhadores chegaram inclusivamente a cumprir cerca de 11.000 horas.
Em certas situações gerais como em trabalhos de alta intensidade com operações de 2 a 3 turnos, os utilizadores podem conseguir significativas vantagens económicas desde o primeiro dia. Por exemplo, o uso da tecnologia de hidrogénio aumenta a disponibilidade operacional dos equipamentos de movimentação de carga.
Isto deve-se a que estes se podem abastecer num curto período de tempo, enquanto a carga, a substituição e a manutenção de baterias de ácido-chumbo reduzem a produtividade.
As análises realizadas demonstraram que o abastecimento de um trator de reboque dura 1,5 minutos. A substituição de bateria pode ser realizada em aproximadamente 5 minutos, mas também pode demorar muito mais. No caso dos empilhadores, o processo de abastecimento durou 2,2 minutos, enquanto o tempo necessário para a substituição de uma bateria equiparável foi de cerca de 10 minutos de média.
Além disso, a utilização da tecnologia de hidrogénio supõe uma grande poupança no espaço. Os dispositivos de elevação, os sistemas de ventilação, as bandejas de proteção, os lava-olhos de emergência e outras instalações deixam de ser necessários no centro logístico.
Para o projeto em Leipzig, a Linde Material Handling adaptou seis tratores de reboque e cinco empilhadores dos modelos Linde E25 HL e Linde E35 HL com tecnologia de motor de hidrogénio. Além disso, durante o decorrer do projecto, desenvolveu e adaptou continuamente a tecnologia híbrida de células de combustível. Desta forma, por exemplo, reduz-se a taxa de avarias dos equipamentos acionados com hidrogénio.
«O Grupo BMW estabeleceu umas normas estritas para a sustentabilidade na produção dos seus modelos de carro elétrico inovadores i3 e i8, no seu centro de Leipzig. Os motores de hidrogénio em intra-logística estão a fazer uma contribuição significativa neste contexto, entre outras coisas, devido ao uso de hidrogénio obtido regionalmente», afirmou Michael Ströbel, Responsável executivo de direcção e logística em produção e aquisição de plástico reforçado com fibra de carbono (CFRP), na BMW.
No tempo que durou o projecto, utilizaram-se os equipamentos de movimentação de carga Linde para distribuir peças da carroçaria do modelo BMW i à área de produção no centro de Leipzig.
Nestas instalações, os equipamentos assumiram todas as tarefas que normalmente se realizariam com veículos convencionais accionados por bateria. No seu estudo, os investigadores da Universidade Técnica de Munique compararam as duas tecnologias baseando-se nos seguintes parâmetros: eficiência energética, fiabilidade, durabilidade, assim como sustentabilidade ambiental e económica. Os cientistas determinaram, entre outras coisas, o custo de todo o ciclo de vida útil dos empilhadores e realizaram cálculos aproximados para uma frota de 50 equipamentos.
Na comparação com os equipamentos eléctricos convencionais, o intervalo da autonomia dos tractores de reboque accionados com hidrogénio estava acima do standard, enquanto a autonomia dos empilhadores era mais baixa. No futuro, este intervalo continuará a aumentar graças a um depósito com maior volume e uma pressão de combustível mais elevada.
A eficiência do sistema de células de combustível é no entanto, de acordo com o estudo de investigação, ligeiramente mais baixa que a da bateria tradicional de ácido-chumbo. No entanto, em conjunto, o motor de hidrogénio convence com a sua alta disponibilidade operacional, os baixos custos de pessoal resultantes e a redução no impacto ambiental se se compara com as vias de energia convencionais.
«Acreditamos que os resultados do nosso projeto de investigação são claramente satisfatórios para o setor logístico no seu avanço no sentido de uma nova tecnologia de motores alternativos», afirmou Willibald A. Günthner, presidente do Instituto de Movimentação de Materiais, Fluxo de Material e Logística da Universidade Técnica de Munique. «O nosso estudo regista o alcance de um importante objetivo intermédio. Em projetos de seguimento, podem continuar-se a explorar outras questões e melhoramentos em detalhe».