Financiar Oportunidades de Crescimento
Pedro Gouveia Alves, CEO do Montepio Crédito, IFIC
É dado como certo que os principais indicadores macroeconómicos apontam para a retoma da actividade, sobretudo com os sinais que nos foram chegando no último semestre de 2013, e que agora se vêm confirmando no primeiro trimestre deste ano. Para tal, a dinâmica do sector dos transportes e logística tem sido fundamental.
No caso particular do transporte rodoviário português, após uma queda significativa da actividade sentida entre os anos de 2008 e 2009, a actividade tem-se afirmado como importante facilitador para o desempenho dos indicadores de exportação de mercadorias. Segundo as Estatísticas dos Transportes e Comunicações publicadas pelo INE, hoje cerca de 40% do total das exportações é assegurada pelo transporte rodoviário, o que, grosso modo, equivale à tonelagem de movimento de mercadorias de um grande porto marítimo. Este facto é, por si, merecedor de reflexão, quer quanto às necessárias apostas no desenvolvimento integrado da economia dos transportes e logística como forma de apoiar o crescimento económico do tecido empresarial português, quer quanto ao aproveitamento do potencial de Portugal no domínio da economia dos transportes, podendo afirmar-se como um importante hub de ligação entre o Atlântico Sul, Atlântico Norte e Europa.
Existem, portanto, sinais favoráveis para o desenvolvimento da actividade de transportes de mercadorias e logística nos anos próximos. Por tal, é de esperar que, de forma gradual, se reiniciem os investimentos, sobretudo em material circulante, quer pela necessidade de alargamento da capacidade instalada, quer por via das exigências da regulação comunitária quanto a aspectos de natureza ambiental.
E é neste âmbito que se levantam as reflexões sobre a forma de como financiar o crescimento. Em primeiro lugar, os empresários sabem que não podem deixar perder oportunidades de tomar uma posição sobre um contexto que possa ser mais favorável. Por outro lado, a maior complexidade do mercado levou os profissionais a encontrarem soluções que permitam aportar maior fiabilidade às escolhas no sentido de se obter um prudente balanceamento entre capitais próprios e capitais alheios, consoante os riscos de actividade que estão subjacentes à operação de cada empresa.
Sobretudo o tema dos capitais alheios (leia-se, dívida) tem vindo a ser abordado (e bem) de forma mais prudente, havendo maior propensão a uma reflexão prévia sobre o potencial de crescimento e da rendibilidade esperada em cada projecto (seja estratégia de expansão, seja novos mercados, ou simplesmente a conquista de um novo contrato com um Cliente). Por outro lado, temas como o avanço tecnológico e a respectiva necessidade de actualização compliant com a legislação em vigor em cada espaço económico, levantam novas necessidades de abordagem ao financiamento.
Concomitantemente, os empresários confrontam-se com a necessidade de se focarem na sua actividade, procurando parceiros que tratem, de modo fiável e com as necessárias soluções, das componentes mais específicas inerentes aos meios, estando à cabeça a tecnologia e a legislação. Neste sentido, põe-se em causa a necessidade de as empresas serem proprietárias do material circulante. Com o nível exigente de actualização e com as alterações permanentes de contexto, não têm forçosamente de o ser. Ganha forma a dívida em formato de leasing, ou mesmo a «não dívida» em formato de aluguer operacional (renting).
Os grandes fabricantes, como os importadores e fornecedores, apresentam um nível de sensibilidade mais elevado para o tema da desmaterialização da dívida em contrato de serviços. E aqui, um bom especialista em financiamento fará a diferença procurando fazer corresponder a melhor solução à estratégia que o empresário pensou para o desenvolvimento da sua actividade.
Pedro Gouveia Alves
CEO do Montepio Crédito, IFIC