Principais riscos da cadeia de abastecimento: Questões comerciais, cibersegurança e Clima

Os três principais riscos da supply chain são as incertezas relativas a fluxos comerciais, incidentes de cibersegurança e mudanças climáticas conjugadas com condições climatéricas extremas, segundo o relatório DHL Resilience360, divulgado em Março de 2019. O relatório analisou os principais desafios da cadeia de abastecimento e identifica tendências que vão moldar o cenário de risco em 2019.

“Cadeias de abastecimento modernas são vulneráveis”, acrescenta Shehrina Kamal, directora de inteligência de risco da Resilience360. “Atrasos de transporte, roubo, desastres naturais, intempéries, ataques informáticos e problemas de qualidade inesperados podem atrapalhar os fluxos de mercadorias, gerando custos de curto prazo e desafios naentrega”.

A incerteza no comércio aumentou devido às disputas entre os EUA e outros países, em particular, a China, incluindo novas tarifas de importação unilaterais. A questão, ainda em aberto, da saída do Reino Unido da UE também está a contribuir para a incerteza, já que as empresas temem congestionamentos nas fronteiras e atrasos nos portos no caso de um brexit sem acordo. Já no campo da cibersegurança, um número crescente de incidentes envolvendo a cadeia de abastecimento e a infraestrutura de transporte mostrou como os hackers têm a intenção de obter segredos comerciais ou causar problemas económicos. Por último, a mudança climática apresentou uma série de interrupções severas relacionadas com o clima em 2018, que foi o quarto ano mais quente já registrado. Incêndios florestais, secas, baixos níveis de água e o degelo tiveram os impactos mais significativos nas cadeias de abastecimento.

 

Desafios em toda a Europa

Na Europa, o Resilience360 registou o maior número de incidentes na Alemanha e no Reino Unido. Dois terços dos eventos de alto impacto foram causados ​​por furto de carga, incêndios industriais e explosões e acidentes de comboio.No entanto, a distribuição de incidentes em toda a Europa foi mais uniforme do que em outras regiões. Incidentes nos transportes aéreos e terrestres representaram a maioria com 44,7%. Estas situações são especialmente relevantes para as cadeias de abastecimento, como pode ser visto pela disrupção no tráfego ferroviário em dois dos principais corredores ferroviários durante mais de duas semanas, em resultado de dois acidentes ferroviários.

A agitação civil foi responsável pela segunda maior parcela dos incidentes, com 12,9%. Os protestos relacionados ao Dia do Trabalhador (1º de maio) e os coletes amarelos em França e na Bélgica interromperam rodovias, portos, passagens fronteiriças e estradas de acesso a áreas industriais.

Os incidentes climáticos também colocaram problemas às cadeias de abastecimento. Uma seca de um mês no verão e no outono resultou em níveis baixos de água no Reno. Os níveis de água inibiram o tráfego marítimo, e fabricantes de produtos químicos e siderúrgicos na Alemanha, França e Holanda foram obrigados a declarar a excepção de “força maior” nas entregas. Os desastres naturais afectaram também outros países da Europa. Em Outubro, a Grécia foi atingida por um terramoto perto da ilha de Zakynthos, enquanto a Itália, a Espanha, a França e o Reino Unido sofreram fortes inundações.

Antecipando os riscos da cadeia de abastecimento em 2019, o relatório também destaca uma série de ameaças que podem tornar-se particularmente importantes para as empresas em 2019 e anos seguintes. Além dos riscos globais que se mantêm, como as tensões internacionais que caracterizaram o comércio em 2018, as empresas também podem enfrentar custos adicionais e incertezas devido à escassez de matérias-primas, recalls (recolhas) e riscos de segurança ou normas  ambientais mais rigorosas.

Primeiro, a crescente procura por matérias-primas, juntamente com uma oferta frágil causada por instabilidade política e encerramento de fornecedores, pode resultar  numa escassez de matérias-primas em materiais cruciais, como lítio, cobalto e adiponitrila.

Em segundo lugar, as recalls e as ameaças à segurança podem aumentar, à medida que cresça uma maior consciencialização pública sobre questões de qualidade e fiscalização mais rigorosa por parte dos reguladores em sectores altamente regulamentados, como os produtos farmacêuticos e dispositivos médicos, que submetem os produtos a um exame mais rigoroso.

Por último, medidas anti-poluição podem ser expandidas em 2019 para um maior número de indústrias em toda a Ásia. A Agência de Protecção Ambiental dos EUA também deve anunciar novas regras. Como resultado, regulamentações ambientais mais rígidas aumentarão os custos para empresas em vários sectores. Todos esses desenvolvimentos têm o potencial de colocar os fornecedores sob ameaça e forçar mudanças significativas em todas as cadeias de abastecimento.

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