O Futuro das Redes de Distribuição e o aumento da população mundial

Lavado

LavadoO Futuro das Redes de Distribuição e o aumento da população mundial

Luis Lavado, Nestlé

Em 1930 existiam 2 mil milhões de pessoas no mundo. Apenas foi necessário 40 anos para atingirmos 3 mil milhões. Depois disso, veio um aumento dramático.

No ano novo de 1999 estávamos a partilhar o planeta com 6 Mil milhões de pessoas, e de acordo com as estimativas das Nações Unidas, no final de 2011 ultrapassámos a marca de 7 Mil milhões, e é expectável sermos 8 Mil milhões em 2024. Esta velocidade de crescimento não tem precedentes na história da humanidade.
Uma consequência deste crescimento reflecte-se nas cidades. Em 1900, 12% das pessoas viviam em cidades. Em 2000, cerca de metade dos 6 Mil milhões de pessoas no planeta viviam em cidades. Esta taxa de crescimento está a aumentar. Em 2020, é estimado existir mais de 500 cidades com uma população superior a 1 Milhão, e mais de 20 mega cidades com população superior a 20 Milhões – A zona urbana de Tóquio tem uma população de +35 Milhões de pessoas. Este número é superior à população total do Canadá, um território 2’500 vezes maior.
Este cenário coloca um desafio logístico. Como continuar a servir eficientemente clientes e consumidores em regiões densamente populadas ?
Para colocar mais complexidade, o crescimento real não está a vir dos países desenvolvidos. Está a acontecer no chamado mundo em desenvolvimento – Asia, América do Sul, o Medio Oriente e Africa. Muitas destas cidades continuam a crescer, autoconstruindo-se com sanitação deficiente, pouca infraestrutura e apoio social quase inexistente. A maioria destes potenciais consumidores não vai comprar os seus produtos em hipermercados. O comércio tradicional vai continuar a florescer neste ambiente. Redesenhar as redes de distribuição e as operações para lidar com formatos mais pequenos, maior frequência de entrega, a falta de infraestruturas e segurança é crucial para alcançar estes consumidores. Em mercados como o Peru e Malásia faz parte da nossa estratégia a utilização de bicicletas na distribuição para contornar obstáculos como o trânsito, inacessibilidade e custos de combustível.
Outra tendência a não ignorar é a forma como a tecnologia está a alterar os nossos padrões de compra. A evolução da Amazon de livreiros a gigante do retalho – $61 Mil milhões de receita em 2012 – mostra como é importante ter e-commerce na agenda. De acordo com a Nielsen, e-commerce irá ganhar mais terreno do que qualquer outro segmento da indústria de retalho até 2017, com crescimentos anuais de 11%. Uma mensagem clara que os consumidores procuram comodidade, disponibilidade e frescura dos produtos em lead-times extremamente curtos. E como sempre a um preço competitivo. A oportunidade é enorme para aqueles que se posicionaram no mercado correcto no momento correcto – Em especial se o negócio é prestar serviços logísticos. É necessário questionar o desenho da rede de distribuição para garantir o cumprimento de lead times curtos, uma das características chave deste segmento.
Investimentos em infra-estruturas têm de ser planeados cuidadosamente – quer sejam privados ou estatais. Mais que nunca, um forte foco tem de ser dado ao crescimento populacional, ambiente politico, económico e social, e a diferentes route-to –market. Independentemente do mercado onde operamos, para obter crescimento sustentável é necessário redes de abastecimento adaptáveis ( diria mesmo orgânicas), que continuem a servir todo o espectro de clientes e consumidores on-time-in-full e mantendo os custos de distribuição controlados.
Estou seguro que nos esperam grandes desafios. Felizmente pessoas criativas fazem a diferença. Actualmente o Egipto é um dos nossos mercados com maior taxa de crescimento a nível global, o que demonstra que é possível fazer bons negócios mesmo em ambientes extremamente adversos.

Luis Lavado

CO – Supply Chain – Physical Logistics

Nestlé

5 de Fevereiro de 2014

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