De 9 a 12 de Maio, a transport logistic abre as suas portas uma vez mais. A feira de logística, mobilidade, tecnologias de informação e gestão da cadeia de abastecimento acontece em Munique desde 1978 e assume-se como uma das mais importantes feiras logística da Europa.
E-Mobilidade, comércio electrónico, logística metropolitana, última milha, digitalização, logística sustentável, veículos alternativos, futuro da intermodalidade ou a próxima geração de profissionais, são alguns dos temas abordados na próxima edição da transport logistic. Em entrevista à Logística Moderna, Robert Schönberger, Exhibition Group Director, da Feira de Munique, salienta que “os desafios associados à digitalização são um tema-chave, vital para a competitividade das empresas”.
Neste sentido, a sessão de abertura desta edição conta com as intervenções de representantes da Daimler, Panalpina, Flexport e Amazon que irão debater o tema da «E-mobility, E-commerce, E-next? A new vision for the future of logistics»”.
Grande parte do programa das conferências deste ano é dedicado à revolução digital. O responsável salienta que face ao crescimento das vendas online e à pressão que o mesmo está a colocar na logística urbana, “surgirá uma nova plataforma de comunicação, conhecida como logística metropolitana, ao nível da última milha”. A organização quer “dar à indústria uma oportunidade de trocar ideias e informações com os seus parceiros e promover os seus negócios”.
Na edição deste ano, as empresas Klog, Santos e Vale, Vaniam, Maeil e Tap Cargo juntam-se à iniciativa da Logística Moderna e marcam presença na feira, através da representação no Pavilhão de Portugal. Além destas, estarão também presentes a AGV Transportes de Mercadorias, Navigate Technologies, TAP Cargo/Cismat, Torrestir e Veryfex.
Além desta edição na Alemanha, a transport logistic já está focada também noutros mercados. Sobre a internacionalização deste conceito, o responsável salienta que “está a correr bem”. Atrás desse sucesso, explica que existe uma estratégia.
“Exportámos a marca forte da transport logistic para mercados promissores e ajustámos o foco da feira para atender à região em questão”. Ao mesmo tempo, “esse posicionamento fortalece a feira de Munique porque a marca torna-se mais conhecida e quem quer uma visão global tem de estar aqui”. Os últimos números mostram que a estratégia “está a dar frutos”. Além do envolvimento com a China e Turquia, “pela primeira vez oferecemos aos nossos clientes uma plataforma nos EUA – Transportation & Logistics Americas, em Atlanta, em 2018”. A exposição terá lugar ao mesmo tempo que a Modex.
Quanto à próxima edição, que terá lugar em 2019, Robert Schönberger salienta que neste momento o foco está na edição deste ano. “O número de participantes é maior do que nunca e os nove pavilhões estão preenchidos”, diz, acrescentando que “o número de expositores aumentou em cerca de mais 100 novas empresas em relação a 2015 (2050 expositores”. A maior parte desse crescimento está relacionado com o aumento dos expositores internacionais e de fornecedores de serviços de logística e IT. “A transport logistic está a fazer um trabalho impressionante para afirmar a sua posição como exposição internacional de destaque”, isto porque “é aqui que as empresas apresentam as suas inovações e que a indústria discute questões-chave – o que acontecerá novamente em 2019”.
Tânia Barros trabalha há quase 20 anos como representante da Feira de Munique em Portugal. Em entrevista à Logística Moderna fala sobre o seu percurso e a importância deste tipo de eventos para as empresas portuguesas.
Logística Moderna – Enquanto representante da Feira de Munique, desde que abraçou este projeto, quais têm sido os seus grandes objetivos no mercado português, concretamente ao nível da Transport Logistic? Como avalia este seu percurso de quase 20 anos a trabalhar no mercado português?
Tânia Barros – A transport logistic desenvolveu-se, nos quase 40 anos da sua existência, de uma feira alemã numa feira mundial com mais de 2.000 expositores de 60 países. Houve um aumento significativo de expositores internacionais, especialmente ao longo dos últimos dez anos. O meu principal objetivo era que Portugal acompanhasse este desenvolvimento, o que de facto aconteceu. Enquanto nos anos 90 contávamos apenas com um ou dois expositores de Portugal, a participação lusa ronda as dez empresas em 2015 e 2017.
Quais as grandes mais-valias que as empresas portuguesas podem retirar da participação neste evento enquanto expositoras?
A feira de transportes e logística em Munique atrai mais de 55.000 visitantes profissionais de todo o mundo. Considero esta oportunidade única. A grande mais-valia da participação na transport logistic é a possibilidade de poderem contactar com potenciais clientes e parceiros de mais de 120 países num só local. Outro factor muito importante é o perfil do visitante que na sua maioria é o profissional com poder de decisão, como administradores ou diretores de empresas, o que se reflete em contactos realmente decisivos para os expositores.
Do ponto de vista do visitante, na sua opinião porque considera importante a visita à Transport Logistic? O que poderá encontrar o visitante português nesta feira? Qual o perfil do profissional que deverá visitar este evento?
Os nove pavilhões na transport logistic 2017 esgotaram por completo e os visitantes encontram uma diversidade de oferta enorme nos stands dos mais de 2.000 expositores inscritos. A gama de produtos e serviços é muito abrangente, desde os serviços de transporte e logística (tanto transporte aéreo, rodoviário, marítimo e ferroviário), passando pelos veículos de transporte de mercadorias e passageiros, até às tecnologias de informação e à telemática. O visitante português pode ainda encontrar respostas às perguntas relacionadas com o futuro do sector. Neste âmbito, considero igualmente importante o vasto programa de conferências da feira, de acesso livre e gratuito, com mais de 250 oradores internacionais.
Como tem evoluído a participação das empresas e profissionais portugueses neste evento?
Verifica-se um claro crescimento da participação portuguesa, tanto ao nível de expositores, como visitantes. Este aumento deve-se também ao stand colectivo organizado pela Logística Moderna. Em termos de área ocupada por expositores lusos registamos um aumento de 35% da última edição (150m2) para a edição de 2017. Este ano a área reservada por empresas portuguesas é de 206m2, estando 100m2 destinados ao pavilhão colectivo português.
O número de visitantes de Portugal deve rondar este ano os 150 profissionais, comparado com 35 visitantes de há 10 anos. O programa travel log da Logística Moderna, que além da visita à feira inclui visitas técnicas a empresas na zona de Munique, tem contribuído claramente para um aumento de visitantes portugueses na feira.
A participação em eventos desta dimensão, enquanto expositor, exige um grande esforço e investimento por parte das empresas, quer do ponto de vista financeiro, quer do ponto de vista de meios técnicos e humanos. Sente que as empresas portuguesas estão capacitadas para abraçar estes esforços e sensibilizadas para os retornos que podem ter?
O crescimento do número de expositores de Portugal na transport logistic demonstra que as empresas portuguesas consideram que uma participação em Munique lhes traz o retorno esperado. Num cenário ideal, a participação na feira é planeada no longo prazo e implica uma maior fidelização de clientes de uma edição para a próxima. Um ponto positivo é o número crescente de empresas que participam com incentivos financeiros no âmbito do Portugal 2020, o que ajuda claramente na diminuição da carga financeira.
Considera que a cooperação, nomeadamente entre empresas concorrentes, pode ser uma boa aposta por parte das empresas nacionais, tendo em vista o aumento da visibilidade e dimensão nos mercados internacionais? Considera que as empresas portuguesas, do "sector" logístico, estão preparadas para cooperar em eventos deste género?
A participação coletiva de empresas portuguesas faz todo o sentido, mesmo sendo algumas concorrentes. Sou responsável pela divulgação de todas as feiras em Munique no mercado português e tenho tido óptimo feedback de pavilhões portugueses em feiras dos mais variados sectores, tais como cerâmica, têxtil, moda ou jóias. Com a junção de várias empresas num só stand, Portugal ganha visibilidade e peso na feira.
Felicito a revista Logística Moderna pela sua iniciativa de organizar novamente um pavilhão de Portugal: o stand colectivo tem grande visibilidade no centro do pavilhão A4 da feira e cria sinergias importantes na apresentação da cadeia logística aos visitantes internacionais.
Espero que futuramente cada vez mais empresas portuguesas do sector logístico sigam o exemplo de outros países e marquem cada vez mais presença em conjunto. Na transport logistic 2017 contamos com mais de 40 stands coletivos de regiões ou países.
Alguns países, como Espanha e Holanda, participam até com dois stands: um pavilhão para um conjunto de empresas de logística e outro para os portos marítimos. Espero que Portugal possa seguir este bom exemplo no futuro.