2022. Agora ou nunca.

De facto, vivemos um momento de grandes transformações sociais e económicas. Se tentarmos antecipar as oportunidades e as tendências para o ano de 2022 o mais certo é voltar a falar dos temas do costume, com a tecnologia a ocupar os lugares cimeiros.

Mas será que é já no próximo ano que vamos ser substituídos por robôs? Brincadeiras à parte, o tema da tecnologia não é brincadeira nenhuma e o mais certo é nem entendermos as mudanças que aí vêm.

Eu aposto que 2022 será o ano dos NFT´S interativos, da tributação das criptomoedas e dos grandes projetos de blockchain para algumas empresas portuguesas. Em 2022, vamos ouvir falar muito dos metaversos, de DAO´S e da economia simbólica ou economia token.

Mas temo que não passem de buzzwords. A sociedade portuguesa está a ficar mais analfabeta no que respeita ao digital e ninguém se está a importar com isso. Vivemos à volta de buzzwords, como se todos soubessem o que se esta a passar. E a verdade é que não sabem.

Quantos portugueses já pararam para pensar acerca do que é a Web3? Quantos portugueses consideram quais os impactos do 5G para os negócios? E sobre a internet das coisas, o que se tem ensinado nas nossas escolas?

Vivemos de facto numa época muito silenciosa, permitindo que tudo passe por nós sem que aproveitemos as mudanças a favor da nossa economia. Se há oportunidade para nos aproximarmos dos países mais ricos é esta. É agora.

Uma oportunidade sustentada na inovação e na tecnologia, capaz de nos transformar num país de primeira linha, numa porta de entrada para a europa e numa referência ao nível dos países de língua oficial portuguesa.

Claro que too o entusiasmo esbarra nos problemas do costume. O nosso tecido empresarial é composto por pequenas e médias empresas e as grandes não são capazes de investir tudo e fazer tudo. Talvez as pequenas e médias empresas tenham de assumir a sua transformação tecnológica e digital, sem esperar pelos incumbentes – muitas vezes, sendo esses incumbentes os governos e as instituições públicas.

Ainda há dois anos, falar de Criptomoedas era uma espécie de bruxaria em Portugal. Hoje, sabemos que o parlamento vai aprovar legislação tendente à tributação de Criptomoedas, já em 2022. Mas, afinal, alguém sabe o que mudou? Aquilo que, outrora, era bruxaria agora já se pode tributar? Qual a estratégia do governo para a economia de ativos virtuais, que já vale, em todo mundo, três triliões de dólares?

Vivemos, em Portugal, em pleno século XXI, um enorme obscurantismo que nos impede de crescer. Às vezes, parece existir uma mão invisível que não pretende que Portugal cresça e que não nos deixa liderar como sempre esteve na nossa génese.

A ano de 2022 não será, naturalmente, muito diferente do anterior em Portugal. E isso é uma pena. O mesmo não sucederá com o resto do mundo – países e empresas continuarão a quebrar barreiras sem esperarem pelos governos.

Não querendo ser mal interpretado, entendo que as empresas não têm de estar à espera dos governos. Neles reside a maior parte dos atrasos e contratempos. Outra coisa é a regulação da atividade económica, mas essa regulação surge à velocidade definida pelas próprias empresas.

O mundo está a avançar a uma velocidade tal que, perder a oportunidade em 2022, poderá representar uma refluência de 10 anos para a nossa economia. Quem não estiver no digital, na Web3 e não souber comunicar em plena quarta revolução industrial, não pode esperar grande coisa.

Tivemos o latim como língua franca, depois veio o inglês e agora surgiram os algoritmos. Está na hora de pedir ao pai natal cursos de programação para que o mundo não nos escape entre os dedos.

 

Nuno da Silva Vieira,
Advogado, Sócio Antas da Cunha ECIJA.

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